Charles Evans e James Bullard são os formuladores de política monetária há mais tempo no Federal Reserve (Fed), um par de economistas com pós-doutorado que estiveram no centro dos debates do banco central dos Estados Unidos durante duas crises agudas e muitas vezes abordaram o trabalho de perspectivas marcadamente diferentes.
Mas eles chegaram aproximadamente no mesmo ponto para uma meta de taxa de juros terminal de cerca de 4,6% que eles –pelo menos por enquanto– acham que reduzirá a inflação, e onde estariam dispostos a manter a política monetária, exceto se houvesse mais surpresas inflacionárias.
Grande parte do Fed está aproximadamente no mesmo lugar. Em setembro, 18 das 19 autoridades viram a taxa básica ao final de 2023 variando apenas 0,25 ponto percentual acima ou abaixo da mediana do grupo completo de 4,6%, aproximadamente o ponto médio de uma faixa de 4,5% a 4,75%.
A taxa de juros atual do Fed está 1,5 ponto abaixo disso, em faixa de 3,00% a 3,25%, após meses frenéticos de aumentos que a levaram acima do nível de quase zero de março, na tentativa de conter a inflação mais elevada em quatro décadas.
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Oferecendo uma visão sobre a mecânica da formulação de política monetária do Fed, Evans e Bullard expuseram em entrevistas separadas recentemente como pensavam conceitualmente sobre esse ponto de pouso.
Evans, presidente do Fed de Chicago, disse recentemente que seu número veio da estimativa de um nível de taxa básica “real” –ou ajustada pela inflação– que poderia reduzir o salto dos preços sem um aumento dramático no desemprego. Ele afirmou que uma taxa real de cerca de 2% parecia “alinhada” com a política monetária restritiva do Fed do passado e ofereceria a chance de um pouso “suave” da economia.
Ele disse que analisa como a alta dos preços deve evoluir sob uma política monetária apropriada. Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia para dar uma melhor noção das tendências subjacentes, o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE) deve terminar 2023 em cerca de 3,1%, acredita Evans.
Conclusão: uma inflação de 3,1% no próximo ano mais uma meta de 2% para a taxa “real” significaria ostensivamente que o Fed precisa subir os juros para 5,1%. A contabilização do efeito de outras forças, como a volatilidade global e o aperto das condições financeiras, reduz o número para 4,6%.
Já Bullard, chefe do Fed de St. Louis, usa um cálculo de inflação do Fed de Dallas que se baseia em uma “média aparada”, que descarta os preços de movimentos mais rápidos e lentos, em vez de excluir automaticamente alimentos e energia como os mais voláteis. Sob esses parâmetros, o índice de preços de agosto registrou avanço anual de 4,7%, um pouco menor do que a taxa de 4,9% do “núcleo” do índice de gastos de consumo pessoal.
Bullard disse recentemente que atualizou seus cálculos, apresentados mais cedo no ano, quando a inflação estava mais baixa, e “se você fizer as suposições mais generosas, chega a 4,5 ou 4,75” no que diz respeito à taxa básica.
Se a meta da taxa de juros precisar subir, disse ele, “será porque a inflação não cairá do jeito que esperamos”.
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