O banco de investimentos americano Goldman Sachs reiterou sua recomendação de compra para as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) em relatório divulgado ontem (5). O banco afirmou que, independentemente do resultado das eleições presidenciais de 2022, a petroleira está mais forte e corre menos riscos de intervenção governamental do que em 2011.
Entre os anos 2011 e 2015, a estatal sofreu uma intervenção em sua política de precificação de combustíveis. O resultado foi um fluxo de caixa livre negativo e um aumento da alavancagem operacional, por meio de um endividamento pesado.
Agora, a avaliação dos analistas do Goldman Sachs Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa é diferente. Eles escreveram que, mesmo que ocorra uma intervenção do governo a partir de 2023, a atual condição da Petrobras “levaria a um resultado menos negativo”, visto que “a empresa está em uma posição financeira mais forte em relação ao ciclo anterior”.
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“Embora os resultados [nesse caso sejam] piores do que os utilizados em nosso caso base, que não leva em conta qualquer intervenção”, avaliam.
Finanças reforçadas
A primeira ponderação dos analistas do Goldman Sachs é que o negócio de exploração e produção de petróleo (upstream) está muito melhor do que no ciclo 2011-15. Segundo eles, há “custos menores, capex mais baixo e geração de caixa mais forte”.
Entre o fim de 2016 e o primeiro semestre de 2021, a petroleira passou por uma recuperação sólida liderada pela nova administração. Os preços praticados pela estatal convergiram para as cotações internacionais dos combustíveis, afirma o relatório. Além disso, houve uma otimização dos investimentos e a venda de ativos não essenciais, como a BR Distribuidora, atual Vibra Energia (VBBR3) , e a distribuidora de gás engarrafado Liquigás.
O resultado disso, segundo os analistas, é um período marcado pelo foco no retorno aos acionistas, entre o segundo semestre de 2021 e o momento atual. “Após a conclusão do processo de desalavancagem no ciclo anterior, vemos pagamentos de dividendos significativos”.
Atualmente, o indicador de dividendos da Petrobras (dividend yield) está em 51,2% e é o maior do Ibovespa. Para 2023, o Goldman Sachs projeta pagamentos na ordem dos 30%, com base nos valores esperados para o barril de petróleo do tipo Brent.
Segundo os analistas, a situação atual da estatal se beneficia de menores capex de exploração e produção do petróleo, fruto dos investimentos no pré-sal da última década. Custos menores de produção, margens positivas e menor capex de refino também favorecem a petroleira.
Menor risco de intervenção
Seja qual for o cenário resultante do segundo turno, o Goldman Sachs não vê grandes riscos de intervenção na Petrobras e os analistas indicam seus motivos.
Em primeiro lugar, 36% dos dividendos vão para a União. Além disso, os impostos pagos pela estatal aumentaram, em linha com o crescimento da rentabilidade. “Ao nosso ver, os fatores mencionados reduzem (embora não retirem) o incentivo para que o governo intervenha na Petrobras”, escrevem em relatório.
Os analistas também ponderam que, o novo Estatuto da companhia indica explicitamente que a estatal não deve subsidiar preços de combustíveis sem que haja compensação por parte do governo.
Para eles, a partir de 2023 a Petrobras deve implementar medidas próprias para moderar os preços dos combustíveis, impulsionar o investimento em energias renováveis e nos segmentos de refino.
Dividendos da Petrobras no 3T22
Os analistas esperam um anúncio de 12% de dividendos junto com os resultados do terceiro trimestre de 2022 e, em 2023, a distribuição de 7% de dividendos referentes ao quarto trimestre.
O banco reitera a recomendação de compra para as ações ON e PN da Petrobras, com preço-alvo de R$ 34,90 em 12 meses para os papéis PETR3 e de R$ 31,70 para as ações PETR4. Considerando-se as cotações de ontem (5), as cotações não têm perspectiva de alta. O relatório reconhece isso, afirmando que “não há catalisadores imediatos” para uma alta de preços. A indicação de compra, portanto, se baseia na perspectiva de a estatal pagar bons dividendos.
Entre os riscos para a tese de investimentos, os analistas apontam preços do barril Brent abaixo do esperado; valorização do real; produção abaixo do esperado e intervenção do governo no preço dos combustíveis, embora em seu cenário-base, o Goldman Sachs não considere nenhuma intervenção.
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