O Ibovespa fechou em queda hoje (10), com recuo de 0,37%, a 115.940 pontos, após uma sessão de variações menores, seguindo os mercados externos em meio a novas tensões na guerra entre Rússia e Ucrânia e, localmente, dados de inflação e pesquisas eleitorais.
A Rússia realizou novas ofensivas na Ucrânia nesta segunda-feira, em retaliação ao ataque a uma ponte estratégica que liga o território russo à península da Crimeia, realizado no fim de semana. O acirramento do conflito pressionou os mercados pela manhã, adicionando estresse ao cenário de alta de juros globais e de possível recessão na Europa e nos Estados Unidos.
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A escalada da violência levou o G7, que é o grupo dos países mais desenvolvidos do mundo, a convocar uma reunião de emergência para amanhã (11), com a participação do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Além disso, o mercado americano opera com cautela enquanto espera a divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de setembro, agendada para a quinta-feira (13).
Depois da divulgação dos dados de mercado de trabalho, na sexta (7), que indicaram a criação de vagas acima do esperado e uma leve queda na taxa de desemprego, investidores esperam os dados de inflação para entender os próximos passos da política monetária no país.
Em entrevista à CNBC, o CEO do banco de investimentos JP Morgan advertiu que os EUA provavelmente entrarão em recessão em seis a nove meses. Em junho, ele já havia alertado sobre um “furacão econômico” na economia americana.
O Dow Jones terminou o dia com queda de 0,32%, a 29.202,94 pontos, o S&P 500 perdeu 0,75%, a 3.612,44 pontos, e o Nasdaq caiu 1,04%, a 10.542,10 pontos.
Por aqui, Vale (VALE3) foi a principal influência negativa que impulsionou a queda do Ibovespa, enquanto SLC Agrícola (SLCE3) estava no lado dos ganhos. Empresas do setor de commodities agrícolas se destacaram no pregão do dia, com o setor de papel e celulose na cola.
Leandro Petrokas, diretor de research da Quantzed, afirma que algumas commodities estão subindo bem no mercado internacional devido à visualização do mercado de aumento de risco geopolítico com a piora da tensão entre Ucrânia e Rússia.
“Trigo, algodão, milho e aveia sobem. A explosão da ponte na Rússia e a retaliação de Putin com ataques em Kiev hoje podem sugerir ao mercado uma cautela maior em relação aos desdobramentos da guerra, o que jogaria os preços das commodities para cima, refletindo nas altas de cotação que citei”, diz o diretor.
Além disso, o especialista destaca o surto de gripe aviária na Europa e nos EUA que diminui a oferta de frango. “Isso também puxa a carne bovina para cima. Então, vemos reação de BRF (BRFS3), mais relacionada a frango, e Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) relacionadas à carne suína.”
Na ponta de quedas do Ibovespa, quem mais perdeu foi a Cosan (CSAN3). As cotações voltaram a ser afetadas pela aquisição de ações da Vale, que também caiu, descolada dos pares internacionais. Na sexta, a holding informou ao mercado que adquiriu 4,9% das ações da Vale e pretende chegar a 6,5% de participação na mineradora.
Estima-se que a aquisição dos 4,9% chegue a R$ 17 bilhões, o que investidores ponderam sobre ser uma operação muito grande que possa comprometer a estrutura de capital da Cosan.
O dólar comercial descolou do movimento da moeda internacionalmente (índice DXY sobe +0,33%) e fechou em queda frente ao real, de 0,42%, a R$ 5,1906.
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(Com Reuters)
