O Ibovespa registrou sua maior valorização diária desde 2020 hoje (3), ao avançar 5,54% em uma única sessão, a 116.134 pontos. A última vez que o índice de ações teve uma alta tão forte foi no dia 17 de março de 2020, quando o Ibovespa subiu 4,85%.
Neste ano, a última valorização mais forte aconteceu em agosto, quando o índice teve uma alta de 2,78% no dia 12, repercutindo dados de inflação mais baixos. Hoje, o mercado repercute o resultado do primeiro turno das eleições no país.
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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado neste domingo (2) e disputará o segundo turno com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Para estrategistas da XP Investimentos, o resultado de ontem (2) mostra uma eleição muito mais apertada no segundo turno do que era esperado inicialmente, o que foi recebido positivamente pelos investidores.
“Isso trará possivelmente acenos mais ao centro por parte dos dois candidatos, na tentativa de atrair o eleitor ainda indeciso”, avaliaram analistas em comentários a clientes.
Entre as maiores altas do Ibovespa no dia estavam as ações de empresas estatais, com Petrobras ON (PETR3) avançando 8,86%, Petrobras PN (PETR4) saltando 7,99% e Banco do Brasil (BBAS3) disparando 7,63%.
Somente duas ações fecharam no vermelho: Yduqs (YDUQ3), com queda de 1,59%, e Cogna (COGN3), que perdeu 0,34%.
A petroleira, em especial, também se beneficiou com o cenário internacional, onde a cotação do petróleo subiu forte antes do próximo encontro da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que avalia fazer o maior corte de produção da commodity desde 2020.
O barril do petróleo do tipo Brent fechou em alta de 4,19%, a US$ 88,86, enquanto o barril do tipo WTI avançou 4,95%, a US$ 83,63.
Analistas também pontuam que fazia bastante tempo que o Ibovespa não via um volume de negociações tão relevante em um dia, no patamar de R$ 46,1 bilhões. A média dos últimos 14 dias era de R$ 22 bilhões diários.
Desde março de 2021 não se tinha esse volume tão forte no IBOV, o que pode ser uma sinalização interessante para o mercado de ações brasileiro, diz Vitorio Galindo, analista fundamentalista da Quantzed.
“O movimento é bem interessante pós-eleições e talvez esteja sinalizando um possível rally ou um repique da bolsa rompendo algumas resistências. Muitas ações dando sinais positivos, muito volume em várias ações, o que significa sinal forte de compra”, diz Galindo.
A Bolsa brasileira também recebe um reforço vindo de Wall Street, que vive um dia de recuperação, com os índices acima de 2% de valorização.
Dez dos 11 principais setores do S&P 500 avançavam no início das negociações, com o setor de energia liderando os ganhos. Empresas de crescimento e tecnologia como Apple e Microsoft avançavam 3% cada uma.
“Vemos uma recuperação no início do trimestre simplesmente devido ao sentimento fraco e às mínimas que foram alcançadas no final do último trimestre”, diz Jason Pride, diretor de investimentos privados da Glenmede.
Setembro marcou a queda do Dow Jones em mais de 20% frente ao pico do ano, de modo que o índice chegou ao patamar de um “bear market” (mercado em baixo), que já tinha sido alcançado pelo S&P 500 e pelo Nasdaq em trimestres anteriores.
Os três principais índices terminaram em queda um terceiro trimestre volátil, devido ao medo crescente dos mercados de que a política monetária agressiva do Federal Reserve (banco central norte-americano) derrube a economia para uma recessão.
“Suspeitamos que durante o [quarto] trimestre vai se tornar mais aparente que estamos nos aproximando de uma recessão conforme o Fed continuar a aumentar os juros, e isso provavelmente deve manter o mercado mais próximo, se não abaixo, das mínimas que já está atingindo”, afirma Pride.
Hoje, o Dow Jones avançou 2,66%, a 29.490,03 pontos, o S&P 500 ganhou 2,59%, a 3.678,43 pontos, e o Nasdaq teve alta de 2,27%, a 10.815,43 pontos.
O dólar comercial registrou sua maior queda percentual diária desde meados de 2018, ao recuar 4,09% nesta segunda, a R$ 5,1737 pontos.
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(Com Reuters)