A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, renunciou ontem (20) após apenas 44 dias no cargo, em parte devido a um retrocesso de seu plano amplamente criticado para a economia. Embora ela tenha tido o mandato mais curto de um primeiro-ministro britânico de todos os tempos, conseguiu deixar sua marca nos mercados: abalando a confiança dos investidores em casa e do outro lado do oceano.
Truss assumiu o cargo em 6 de setembro. Menos de três semanas depois, ela revelou seu plano para diminuir o impacto econômico da inflação mais alta em 40 anos no Reino Unido, e uma crise de energia estimulada pela guerra da Rússia na Ucrânia. Truss propôs um corte de impostos de US$ 50 bilhões, que iria beneficiar principalmente os mais ricos do Reino Unido.
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Isso assustou os investidores, considerando que um aumento nos gastos poderia piorar a inflação, além de não ficar claro como o governo iria pagar pelo plano e pelos tetos de preços de energia.
O plano de Truss foi instantaneamente criticado, fazendo com que os rendimentos dos títulos subissem à medida que o mercado perdia a confiança na capacidade do governo de navegar na provável recessão que se aproximava.
Os rendimentos dos títulos do governo britânico de 10 anos saltaram até 160 pontos-base para 4,6% ao ano enquanto Truss estava no poder. Sua saída, na quinta-feira, fez as taxas caírem para 3,9%. As notas do Tesouro dos EUA de 10 anos também subiram cerca de 100 pontos-base para o rendimento de quinta-feira de 4,16%.
Os rendimentos dos títulos britânicos e norte-americanos atingiram seu nível mais alto no mandato de Truss desde o fim dos anos 2000, durante a última recessão global prolongada.
O analista do Sevens Report, Tom Essaye, chamou a situação de “confusão fantástica” que abalou ainda mais “a confiança nas instituições que deveriam garantir mercados ordenados e economias estáveis em notas recentes aos clientes.”
Esse abalo de confiança, combinado com a inflação persistente e com um mercado de trabalho, vistos como justificativa para novos aumentos nos juros, também causaram uma cratera no mercado de ações.
O FTSE 100, um índice ponderado das 100 maiores empresas listadas em Londres, caiu 5% desde que Truss assumiu o cargo. As ações dos EUA também caíram, com o S&P 500 recuando 5% no mesmo período.
Truss atuou anteriormente como secretária de Relações Exteriores do Reino Unido. Ela substituiu Boris Johnson, que renunciou ao cargo de primeiro-ministro em julho após uma onda de controvérsias, incluindo a quebra de ordens de ficar em casa para sediar festas durante a pandemia.
Na semana passada, Truss demitiu seu ministro das Finanças e aliado próximo, Kwasi Kwarteng, quando seu governo abandonou seus cortes de impostos e “mini-orçamento”, em medidas amplamente destinadas a atenuar a reação negativa crescente às medidas.
A renúncia de Truss veio após uma quarta-feira (19) turbulenta na política britânica. O secretário do Interior de Truss renunciou, e membros conservadores do parlamento estavam furiosos com a forma como o governo lidou com uma votação controversa sobre fracionamento hidráulico. método para a extração do gás do xisto (“shale gas”)..
Citação crucial
“Embora a primeira-ministra tivesse toda a intenção de causar ondas em suas primeiras semanas no cargo, ela claramente não previu a tempestade”, escreveu Craig Erlam, analista de mercado sênior da OANDA, em nota aos clientes na segunda-feira (17).
Fato surpreendente
A libra britânica caiu brevemente para seu nível mais baixo em relação ao dólar em 26 de setembro, caindo para tão baixo quanto $ 1,035. Desde então, a libra se recuperou para US$ 1,13, mas ainda caiu cerca de 20% em relação ao ano passado.
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