Os resultados da Microsoft e da Alphabet alimentam os temores de uma desaceleração econômica nos Estados Unidos. Essa fraqueza no setor de tecnologia não é novidade. Com a inflação alta, o Fed (Federal Reserve), o banco central dos Estados Unidos, conduziu uma política monetária apertada. E nem mesmo as big techs escaparam dos efeitos dos juros altos e da desaceleração da economia.
A empresa fundada por Bill Gates registrou o menor crescimento de vendas em cinco anos. Apesar da receita ter subido para US$ 50,12 bilhões, alta de 11% na comparação anual e acima das expectativas do mercado, o lucro líquido caiu para US$ 17,56 bilhões.
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Além disso, a receita com instalações OEM do Windows teve uma queda 15%, prejudicada pelas menores vendas de computadores — que recuaram em comparação com os números atingidos durante a pandemia.
Já a Alphabet, dona do Google, informou vendas fracas de anúncios e uma receita trimestral abaixo das expectativas de Wall Street.
A empresa divulgou uma receita trimestral menor que as estimativas de analistas, com os anunciantes cortando gastos em meio à desaceleração econômica. O lucro líquido caiu para US$ 13,91 bilhões, ou US$ 1,06 por ação, ante US$ 18,94 bilhões, ou US$ 1,40 por ação, um ano antes.
Esses balanços corporativos reforçam as preocupações do mercado. Especialistas, inclusive, temem que a inflação continue prejudicando os investimentos em publicidade. Isso prejudica os resultados dessas empresas.
Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, acrescenta que além disso, a inflação também corrói a renda das famílias, que optam por consumir bens de necessidade básica e gastam menos com propaganda e serviços online. “Com isso, as big techs acabam perdendo receita”, diz.
Os resultados criaram um sentimento de cautela em Wall Street. O índice Nasdaq, que abriga as ações da gigantes da tecnologia, caiu 2,04% no pregão de ontem. Os papéis da Microsoft (MSFT) caíram 7,72%, enquanto os da Alphabet tiveram queda de 9,63%.
“Vemos uma aversão a risco falando mais alto. Os investidores têm procurado empresas que estejam com o caixa elevado e que consiga gerar valor aos seus acionistas”, explica Guilherme Zanin, analista da Avenue. “O mercado já estava negativo ao longo dos últimos meses, os resultados acenderam esse sentimento.”
Para Benedito, o nível de taxas de juros é novidade para os norte-americanos, o que também causa uma fuga de capital. “A economia ainda está passando por um momento em que o investidor precifica as altas.”
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