A Copa do Mundo costuma aumentar o otimismo dos consumidores. É comum ter reuniões para assistir os jogos. Isso eleva as vendas de diversos produtos, de alimentos e bebidas até televisões. De olho nisso, os varejistas já se preparam.
Neste ano, segundo uma pesquisa realizada pelo Google Brasil juntamente com o Instituto Ipsos, esse sentimento será ainda mais especial. “As pessoas estão com maior desejo de celebrar com os amigos, e os jogos do Brasil serão momentos excelentes para isso”, diz Gleidys Salvanha, diretora de negócios para o segmento de varejo do Google.
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A empresa realizou a pesquisa para levantar as tendências de consumo dos brasileiros na Black Friday. E descobriu que neste ano, além de mirar o Natal, as tradicionais promoções da Black Friday vão incluir o torneio a ser disputado no Catar. Isso deve-se à proximidade das datas. O torneio começa no dia 20 de novembro, e a Black Friday vai ocorrer cinco dias depois.
As varejistas já iniciaram o esquenta. A Via (VIIA3), dona da Casas Bahia e do Ponto, está de olho no consumidor que quer ver o Brasil entrar em campo em um novo aparelho de televisão. Por isso a ordem é facilitar a vida do consumidor.
“Sabemos que existem clientes que preferem esperar a sexta-feira, mas também vamos atender as pessoas que almejam comprar os produtos antes pelo mesmo preço”, diz Ilca Sierra, vice-presidente de marketing e experiência da varejista. “O consumidor já está bastante acostumado a comprar na Black Friday”, diz ela.
Este ano, porém, será diferente. “No ano passado não estávamos recebendo pessoas em casa, mas agora as pessoas estão se preparando para receber amigos e familiares”, diz Ilca. “Vamos embarcar nisso.” E por isso a Via também está antecipando as promoções para conquistar a memória do consumidor. O objetivo é fazer com ele que procure as promoções nas redes de lojas e nos sites da companhia.
A Posthaus, varejista de moda que tem dez milhões de acessos mensais, também vai antecipar as promoções. Segundo Taísa Bornhofen, diretora comercial da DBR, dona da Posthaus, a varejista aposta nesse esquenta para evitar congestionamentos nas redes, trabalhar melhor os estoques e melhorar a logística.
“A Black Friday já é um gargalo, que se intensifica com os jogos do Brasil. Precisamos sentir a temperatura do que nos aguarda”, diz a executiva. O foco da varejista é trazer as promoções para os clientes. “Com a empresa em mãos, por meio dos aplicativos, o consumidor acompanha o preço. E ele espera encontrar bons preços.”
A Wizard, maior rede de franquias de idiomas do país, também vai antecipar as promoções. Segundo Vinicius Faria, coordenador de marketing de performance da Pearson (controladora da Wizard) para a América Latina, a educação tem gargalos que vão além das demais varejistas. Isso ocorre por conta de a compra não acontecer por impulso, diferentemente das demais empresas. “O ato de pensar e comprar um curso de idiomas demanda mais tempo.”
O desafio, para Faria, é se diferenciar. Para isso, ele não só antecipa as promoções como também pensa no pós-Black Friday. “Esse momento é importante porque o consumidor, que já comprou os demais produtos, para analisar as demais promoções. Como a de um curso de inglês.”
Dívidas
Apesar do otimismo do comércio, porém, a inadimplência pode frustrar em partes as expectativas para a Black Friday. O brasileiro está muito endividado. Os últimos levantamentos da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostram que havia 64,25 milhões de brasileiras e brasileiros negativados em setembro de 2022, cerca de 40% da população economicamente ativa.
Isso limita a concessão de crédito pelos bancos e as varejistas sentem o impacto, principalmente as dedicadas a produtos de maior valor agregado.
Segundo a pesquisa do Google Brasil, essas categorias lideram a intenção de compra dos consumidores. No levantamento mais recente, games, celulares e TV ficam no topo do ranking, com percentuais acima de 80%. Isso é um desafio para a Via. Sua controlada Casas Bahia é conhecida por vender a crédito, e a meta é honrar a tradição.
“Queremos continuar concedendo acesso a esses produtos, mesmo neste momento de endividamento da população”, diz Sierra. Segundo ela, o patamar de inadimplência está baixo, apesar do ano conturbado.
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