Divulgada na manhã de hoje (1), a Ata da 250ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostra que o Banco Central (BC) acrescentou o risco de indisciplina fiscal às demais ameaças à estabilidade da moeda. Em si, a Ata teve poucas alterações em relação aos documentos das reuniões anteriores. O que mudou foi a ênfase.
O texto volta a repetir o risco de uma inflação global. “O baixo grau de ociosidade do mercado de trabalho em algumas economias, aliado a uma inflação corrente elevada e com alto grau de difusão, sugere que pressões inflacionárias no setor de serviços podem demorar a se dissipar”, segundo o Copom.
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Porém, no texto, os membros do Copom avaliam que há uma “maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados”, e que “essa maior sensibilidade, concomitante ao aperto das condições financeiras, inspira maior atenção para países emergentes.” Ou seja, qualquer iniciativa por parte de governos, ainda que de países desenvolvidos, de deixar de lado a disciplina fiscal pode afetar os preços dos ativos e provocar turbulências nos mercado.
Segundo Geizebel Schieferdecker, sócia do escritório de investimentos Squad Capital, a questão fiscal será um tópico bastante discutido de agora em diante, especialmente no Brasil. “A percepção do mercado é que o próximo governo terá pouco espaço para a criatividade no setor fiscal”, diz ela. Segundo Schieferdecker, é bastante provável que a reforma tributária volte a ser discutida pelo próximo Congresso.
Juros
Segundo a economista, é provável que as taxas de juros brasileiras comecem a recuar já no fim do primeiro trimestre do ano que vem, no caso de a questão fiscal começar a ser resolvida. Ela está um pouco mais otimista que a média do mercado. A maioria das projeções indica que os juros só deverão começar a cair a partir do início do segundo semestre.
A edição mais recente do Relatório Focus, publicada na segunda-feira (31) mostra que a projeção para a taxa Selic no fim de 2023 segue inalterada em 11,25% há oito semanas. Caso esse prognóstico se confirme, a trajetória de baixa dos juros será abrupta, com uma redução de 2,5 pontos percentuais em apenas seis meses.
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