Ao convidar Thiago Maffra para assumir o comando da área de tecnologia da XP, em 2018, o fundador Guilherme Benchimol não dourou a pílula. “Os quatro últimos ocupantes do cargo foram dispensados”, disse ele. O motivo foi falta de alinhamento com a cultura da empresa. Mesmo sem formação em tecnologia, o administrador de empresas pelo Insper com MBA pela Columbia University topou.
“A área de TI sempre foi estratégica para a transformação digital da empresa”, diz ele. Prova disso é que o departamento tinha 200 pessoas quando assumiu. Ao deixar o cargo, em maio de 2021, para assumir o comando da XP, eram 2 mil.
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Não bastassem as exigências de comandar uma startup que se tornou a companhia mais consolidada do mercado financeiro, Maffra ainda enfrenta o desafio de suceder o carismático fundador.
Para ele, isso é uma vantagem, não um problema. “Guilherme soube entender que a pessoa que conduz a empresa do ponto A para o ponto B não é, necessariamente, a melhor para levá-la ao ponto C”, diz. Benchimol segue por perto. “Conversamos uma ou duas vezes por dia. Ele segue essencial para a elaboração da estratégia e em negociações com futuros parceiros.”
Mineiro criado em Itapevi, no interior paulista, o filho de um engenheiro de minas avalia que ainda há um trecho longo a percorrer na avenida do crescimento. “Estamos no quilômetro 5 de uma jornada de 100”, diz ele.
Sua conta é simples. “Nosso faturamento é de R$ 12 bilhões em um mercado que fatura R$ 900 bilhões por ano”, diz. “Os bancos ainda ficam com a maior parte desse negócio, e temos muito espaço para sermos disruptivos e crescer.”
Ele prova essa tese com um número. “Em média, nossos clientes têm 50% de seu patrimônio conosco. Teoricamente, se atraíssemos o restante, poderíamos dobrar de tamanho sem ter de conquistar nenhum cliente novo.”
Para isso, a estratégia é oferecer cada vez mais produtos e serviços e, aos poucos, reproduzir a estratégia que deu certo no Brasil em uma escala global. Com cuidado, é claro. “Vamos começar colhendo os frutos mais baixos na árvore.”
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