Três continentes – e duas motivações que nos levam à beira de uma guerra nuclear de um lado e, de outro, a uma ameaça à unidade nacional. Dois continentes, América e Europa, amarrados pela Otan; Rússia e Ucrânia nos limites máximos de um conflito atômico – em novembro, a tensão subiu graças aos mísseis que atingiram a Polônia. No Brasil, uma divisão político-institucional como há muitos anos não se via neste país. Nós sabemos que, tanto no caso da guerra russo-ucraniana como no caso brasileiro, o embate, depois de instalado, só é resolvido após muito sacrifício e dores, deixando um traço de tristeza e amargor que dura gerações.
Nos Estados Unidos, os resultados das eleições, com a vitória democrata no Senado e a votação expressiva desse partido na Câmara dos Deputados, revitalizaram a liderança política de Biden, abrindo o caminho para a busca pela reeleição em 2024.
A primeira cúpula com Xi Jinping correu muitíssimo bem e me confirmaram de Washington que o tom foi não apenas de cordialidade, mas de extrema busca de cooperação entre os dois países.
Sobre o pleito no Brasil, vivi um número sem conta de eleições. Mantive-me sempre fiel ao princípio de que as urnas soberanas expressam a vontade popular. Assim me portei, acreditando que, vencidas as emoções e disputas eleitorais, o Brasil ressurge revigorado dentro dos princípios democráticos da alternância de poderes – e da convivência harmoniosa entre vencedores e vencidos.
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Assim o fiz em minha carreira profissional, buscando sempre colocar o país em primeiro lugar e divulgá-lo, contribuindo para fazê-lo mais participante dos foros mundiais. Desde o governo de FHC ao atual, de Bolsonaro, independentemente de partidos ou ideologias, busquei realçar os papéis políticos e econômicos de um país no qual acredito e que, em espaço de uma geração, será a quinta maior economia do mundo.
Assim o fiz quando, a pedido de Lula e José Dirceu, abri as portas para George W. Bush, além de pavimentar o diálogo com o mundo financeiro e político dos Estados Unidos. Assim o fiz com Bolsonaro, organizando um jantar entre ele e Trump, em Mar a Lago. E agora, com Biden, contribuí para que
Bolsonaro fosse recebido na Cúpula das Américas com maior destaque, em uma reunião pessoal entre os presidentes considerada excepcional por sua repercussão política.
Creio que esse seja o papel não apenas de empresários ou políticos ou servidores públicos. É uma responsabilidade de todos que zelam pela imagem do país. Nossas divergências nós as resolvemos internamente – no exterior, a mensagem é, e será sempre, de amor e de respeito ao Brasil, com sua paz interna. Saberemos quando lutar e quando esperar, como Sun Tzu (544-496 a.C.) pregava há milênios e registrou em A arte da guerra.
Mario Garnero é fundador e presidente honorário do Fórum das Américas, fundador e presidente da Associação das Nações Unidas-Brasil e fundador do Grupo Brasilinvest. Anteriormente, foi presidente do CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e diretor da VW do Brasil e da Monteiro Aranha.
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Artigo publicado na edição 103 da revista Forbes, em novembro de 2022.