A constante elevação da taxa de juros pelo Fed (Federal Reserve), o banco central americano, somada aos temores de uma recessão econômica e a um contexto de incertezas geopolíticas têm contribuído para a valorização do dólar.
Sendo os Estados Unidos a maior economia do mundo, com uma moeda relativamente estável e com a taxa de juros crescente, os investimentos americanos têm chamado cada vez mais a atenção de investidores estrangeiros para ativos dolarizados.
Ian Caó, diretor de investimentos da Gama, explica: “A renda fixa americana acaba impactando praticamente todos os ativos do mundo, por conta de ser um mercado central e servir como oportunidade para outras alternativas.” Em comparação aos investimentos brasileiros, ele acrescenta que “o rendimento nominal em reais desses ativos está mais alto que o CDI e do que o investidor nos mercados de crédito do Brasil.”
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Sendo assim, surge uma oportunidade para diversificar a carteira de investimentos e incluir os ativos que se beneficiam com a alta do dólar. Destacam-se as ações americanas, ETFs (Exchange Traded Funds), debêntures, bônus e até mesmo fundos de investimento internacionais, cujo rendimento acompanha as flutuações do câmbio.
Segundo Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, há outras vantagens além da valorização do dólar. “Os investimentos internacionais diversificam o portfólio e protegem o investidor de incertezas domésticas (…) Não faz sentido, com tantos instrumentos disponíveis, que o investidor olhe só para o Brasil”.
Rachel diz, porém, que apesar do bom desempenho do dólar, a Rico não recomenda a compra direta da moeda, mas indica ativos que seja impulsionado pelo dólar, pois a taxa de câmbio é influenciada pela macroeconomia e pelas expectativas, e pode ser muito volátil.
“O câmbio é um termômetro da economia. Se existe mais incertezas, a volatilidade é maior”, diz Daniel Haddad, CIO da corretora Avenue, sobre a migração dos investimentos. Segundo ele, a internacionalização é uma tendência crescente. “A gente tem visto muito isso: brasileiros trazendo dinheiro para os Estado Unidos de modo a preservar o capital, dadas as incertezas do Brasil.”
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Renda fixa e variável
Qual o investimento mais adequado? Isso depende mais do perfil do investidor. Segundo Michel Dazzi, especialista de produtos da Principal Claritas, “a escolha dos investimentos deve ser de acordo com o perfil de risco individual, e as aplicações em dólar oferecem boas oportunidades tanto na renda fixa quanto na variável.”
Ele diz que as empresas americanas de média capitalização são uma boa alternativa, pois estão mais expostas ao mercado americano e seus preços estão abaixo das médias históricas. Isso vai além das ações. “Os títulos de renda fixa dessas empresas apresentam rentabilidades bastante atrativas considerando o perfil de risco das companhias”, afirma.
Outra alternativa são os títulos do governo dos Estados Unidos, que apresentam diversos prazos e possibilidades de aportes, e estão entre os investimentos mais seguros do mundo.