Após uma alta de quase 2% na abertura dos negócios, o dólar fechou o último pregão de outubro em queda de 2,5% a R$ 5,165. O que motivou essa virada de direção ao longo do dia foi a percepção, por parte dos investidores, de um possível aumento no fluxo de investimentos para o Brasil.
Um bom exemplo foi a notícia da regularização do Fundo Amazônia, uma doação do governo norueguês para conter o aquecimento global e que financiava ações contra o devastamento da região. Os repasses do fundo haviam sido suspensos em 2019 e agora foram regularizados. Na estimativa dos gestores, há cerca de US$ 2,52 bilhões (R$ 13 bilhões) em recursos parados, que podem chegar ao Brasil.
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Segundo um executivo de uma gestora de recursos americana com grande atuação no Brasil, a possível regularização de pautas ambientais e o realinhamento com o discurso ESG dos países desenvolvidos vai facilitar os investimentos internacionais por aqui, tanto direto (diretamente na atividade produtiva) quanto em portfólio (dívidas e participações societárias em empresas).
Inclinações políticas à parte, diz o executivo, o presidente eleito poderá ser mais bem aceito pela comunidade de investimentos internacional. Prova disso ocorreu na tarde de ontem (31). Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado pelo presidente egípcio Abdel Fattah El Sisi para participar da Cúpula das Nações Unidas para o Clima, uma reunião que ocorre neste mês no Egito e é um encontro preparatório para a Cop 27. Boa parte desses encontros diplomáticos são apenas jogos de cena. No entanto, nos bastidores, líderes de países podem conversar para aparar arestas e descobrir objetivos em comum. Daí a importância desses convites: é nessas reuniões que se atraem investimentos.
O governo de Jair Bolsonaro e o próprio presidente optaram por ter uma participação modesta em eventos desse tipo, o que tornou mais difícil ao Brasil o trabalho de atração de investimentos. Além disso, a agenda ambiental complicada do atual governo foi outro entrave. O executivo da gestora de recursos sabe bem disso. “Apresentávamos casos de investimento maravilhosos e rentáveis no Brasil, mas a pauta ambiental travava o fechamento dos negócios”, diz ele. “Os comitês de sustentabilidade das empresas e das gestoras de recursos no exterior impediam a aprovação.”
Daí a percepção que um governo com um discurso menos belicoso contra a preservação ambiental pode facilitar a atração de recursos. Especialmente porque o Brasil é considerado a grande oportunidade do mercado. É uma economia grande, relativamente segura e a mais barata em comparação com outros países.
Brasil está barato
Considerando-se apenas as principais economias emergentes reunidos nos Brics, há poucas opções. A Rússia saiu do radar após a invasão da Ucrânia e a China está assumindo uma posição cada vez mais hostil aos Estados Unidos, o que aumenta a percepção de risco. Índia e África do Sul, os outros dois participantes dos Brics, têm menos problemas, mas os preços de seus principais ativos já estão caros. “Resta o Brasil, que é grande menos hostil ao investimento internacional, relativamente seguro e está barato”, diz o executivo.
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