O mercado brasileiro tem o costume de importar tendências de consumo dos Estados Unidos. Com os donuts, as rosquinhas de massa confeitadas que aparecem em boa parte das produções de Hollywood, não foi diferente.
Foi apostando no mix de uma massa de qualidade com decorações criativas que Nicholas Acquaviva criou a The Good Cop, em 2019. Três anos depois, a companhia espera encerrar o ano com faturamento de R$ 20 milhões e 50 franquias vendidas. Porém, o negócio já passou por diversas mudanças em seu curto tempo de vida.
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O início
Tudo começou com uma unidade no Itaim Bibi, bairro de alto padrão de São Paulo, há um ano da pandemia. Acquaviva conta que aproveitou o ponto que já estava alugado pela família e que, coincidentemente, estava equipado com utensílios para fazer bolos. Com isso, o investimento inicial ficou mais leve para o fundador, girando em torno de R$ 100 mil.
“Com o ponto fechado, eu corri para a minha tia que é chef confeiteira e nós começamos a desenvolver a massa. Pegamos referências de fora e testamos por mais ou menos um ano até chegar no ponto que queríamos”, conta Acquaviva. “A massa era a nossa prioridade.”
Ele explica que como o The Good Cop foi um dos primeiros do setor a aparecer no mercado, a euforia foi imediata. E as redes sociais tiveram forte influência no processo.
“Eu achava que o hambúrguer era a comida mais ‘postável’ até criar uma marca de donuts. Nosso carro-chefe é aquele donut rosa bem clássico do The Simpsons e as pessoas realmente compram mais para postar do que para comer”, diz Acquaviva. “Esse ‘hype’ nos ajudou muito desde o começo.”
O ápice da empresa, porém, foi no início da pandemia, quando o serviço de entrega começou a se destacar. O sucesso foi tão grande que apenas no primeiro mês de lockdown a companhia conseguiu triplicar o faturamento de todo o tempo que a loja ficou aberta.
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Com o dinheiro entrando e os seguidores nas redes sociais crescendo, a procura por franquias do modelo de negócio também começou a aparecer. Porém, Acquaviva tinha muito receio de perder a qualidade dos produtos que são fabricados dentro de casa.
Assim, ele usou mais um ponto próprio para abrir a segunda unidade do negócio, que no momento era bastante focada no delivery, avançou para Osasco com a operação de um conhecido e começou a perceber os desafios que teria ao montar o modelo de franquia.
Com isso, para ele, a melhor opção foi estruturar o processo desde o início, desenvolvendo uma cozinha central que faria a distribuição diária dos donuts prontos aos franqueados. Para isso, foi necessário mais um ano de estudo.
Modelo de franquias
No segundo semestre de 2021 a The Good Cop já tinha o modelo de franquias pronto e a lista de interessados completa. O processo já estava estruturado. O donut era feito na cozinha central da empresa e saía todo dia ainda durante a madrugada para abastecer os pontos dos franqueados, que ficavam, em sua maioria, em shoppings.
Até o fim daquele ano já haviam sido vendidas aproximadamente 30 franquias, número que superou todas as expectativas de Acquaviva.
Pensando em números, as unidades custam em torno de R$ 140 mil para os franqueados e variam de acordo com o tamanho do quiosque. Cada ponto tem um faturamento mensal médio de R$ 70 mil e o franqueado fica com uma margem de lucro de 15% a 20% no bolso.
Logística
O fundador conta que a logística é o grande gargalo da companhia. Ao todo, são fabricados 200 mil donuts por mês, contando com a cozinha central de São Paulo e mais duas localizadas em Santos e em Campinas.
“O primeiro passo é com a equipe que chega, faz a massa e frita. Aí entra a segunda etapa de fazer o recheio e colocar no donut. Depois vem o processo da confeitaria e a embalagem. Até uma da manhã eles precisam estar prontos para os motoristas começarem a distribuição nos quiosques”, diz Acquaviva. “É uma logística bem grande e trabalhosa.”
O próximo passo para tornar o processo mais profissional é investir em uma fábrica e meios de transporte mais modernos e confiáveis, para evitar problemas no percurso.
Acquaviva explica que esse é o ponto que está segurando a expansão para outros estados, já que ele não acredita ser viável deixar o processo na mão de outras pessoas. Para ele, é preciso resolver todos os problemas que a operação tem em São Paulo antes de passar para o resto do país. Mas isso está em processo.
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Ele conta que outro ponto que precisou de muito estudo foi a quantidade de donuts necessária para cada franqueado. No início, o desperdício era um problema sério.
“No primeiro mês nós ajudamos com o pedido e com as quantidades, até que o franqueador entende o seu público. Depois disso, ele precisa aprender a pedir o número certo de produtos para que não acabe muito cedo ou sobre muito no fim do dia. Esse é um processo que leva tempo”, avalia.
A expectativa para o ano que vem é continuar avançando na venda de franquias e no território ocupado. O fundador conta que hoje já esgotou quase todos os shoppings de São Paulo e que mesmo assim ainda há muito para fazer.