Os analistas do banco de investimentos norte-americano Bank Of America (BofA) estão otimistas com o Brasil. Para eles, “2023 provavelmente será um ano de bons retornos na dívida dos mercados emergentes, possivelmente de dois dígitos”, diz relatório sobre as perspectivas para os mercados emergentes no ano que vem. A previsão é de retornos totais de 11% em dólares para os investimentos em títulos públicos e de 12% para os títulos privados.
Segundo o relatório, os analistas estão mais otimistas agora do que no fim de 2021. Os fundamentos estão mais favoráveis, devido à perspectiva de que “a inflação (e as taxas de juros) americana vão atingir o pico e a China deverá reabrir sua economia, levando à normalização das cadeias de suprimentos.”
Para o BofA, os fluxos de investimento para os países emergentes podem melhorar a partir de janeiro, com o apetite dos investidores por risco sendo renovado devido ao início do novo ano.
Porém, os analistas advertem que o primeiro trimestre será volátil, pois o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) ainda não encerrou seu processo de aumento dos juros. Por isso, eles recomendam uma estratégia cuidadosa no início.
“Precisamos de evidências mais robustas sobre o pico de inflação [nos EUA] para o Fed sinalizar uma mudança na postura da política [monetária]. Esta é uma condição necessária (embora não suficiente) para a volta dos fluxos para os mercados emergentes.”
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Brasil com menos risco político
Para o BofA, os países latino-americanos oferecem riscos políticos. Segundo os analistas, a maioria dos países elegeram governos de esquerda nos últimos anos, o que implica em maior volatilidade nos preços dos ativos. O relatório cita como exemplos a decisão de Gabriel Boric, presidente do Chile, de mudar a constituição do país, e as “medidas econômicas heterodoxas” do presidente colombiano Gustavo Petro.
No entanto, o BofA vê o Brasil de forma diferente. “Há muita incerteza em relação ao gabinete econômico do [presidente eleito] Luiz Inácio Lula da Silva, mas ele venceu a eleição por uma margem apertada e não controla o Congresso, o que limita sua capacidade de ir aos extremos”, escrevem os analistas.
Segundo eles, se Lula nomear um gabinete econômico favorável ao mercado, o Brasil poderá ser um dos países emergentes melhor posicionado dentre outras nações. O país é listado entre os mercados favoritos para 2023 em termos de retornos em dólar. Ao lado do Brasil aparecem África do Sul, Hungria e República Tcheca.
“Um dólar mais fraco, baixo crescimento global e oferta de commodities ainda apertada sugerem melhor desempenho dos exportadores de commodities, mercados locais e soberanos com ratings mais altos”, diz o relatório.
Avançando em 2023
“A menos que o dólar suba mais, ou haja uma crise de dívida sistêmica global, os países com bons fundamentos devem atrair fluxos de capital, levando a um 2023 melhor para os emergentes”, diz o relatório do BofA.
Os analistas afirmam que a força da moeda norte-americana está “sugando o sangue” de mercados como Brasil, China, Israel, México e África do Sul, mas quando o dólar para de subir, “os investidores provavelmente retornarão”.
“O Brasil e a África do Sul oferecem os maiores rendimentos reais de 10 anos, e os da Indonésia e do México também são decentes em comparação com seus pares”, diz o documento.