Evoluir é uma necessidade constante da humanidade, seja para a adaptação a novos territórios e a novas condições de vida, seja para inovar com a aplicação de novos métodos produtivos. Trata-se de um processo inevitável em nossas sociedades. Entretanto, tão importante quanto evoluir é entender também para onde estamos indo.
Há anos, o mundo clama por processos produtivos com cada vez menos impactos ao meio ambiente. É o caso do modelo de economia circular, um sistema econômico que visa eliminar o desperdício na cadeia de valor de um produto, reaproveitar todos os insumos envolvidos na produção e potencializar ganhos econômicos, sociais, de fabricação e de uso.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Na prática, os processos industriais são realizados de forma que os recursos não sejam somente explorados e descartados como ocorre atualmente, mas de modo a permitir seu reaproveitamento em um novo ciclo. Isso faz com que o desuso de um produto não o transforme meramente em lixo ao chegar no fim de sua vida útil. Assim, seus materiais são mantidos dentro da economia sempre que possível e podem ser usados, repetidas vezes, de forma produtiva, criando valor adicional.
Esse novo ciclo contrasta com o modelo econômico linear tradicional, baseado principalmente no conceito “use e jogue fora”, que acaba exigindo grandes quantidades de materiais, de energia e de capital financeiro. Portanto, evoluir cadeias produtivas para um modelo circular de reaproveitamento de resíduos é uma necessidade urgente em todo o mundo. As grandes empresas precisam iniciar essa jornada, visto que alcançar uma economia totalmente circular vai permitir aos mais diversos setores a maximização de valor em toda a cadeia. Não obstante, podemos começar a produzir mais com menos, reduzindo custos de matéria-prima, energia e até mesmo serviços.
Leia mais em: O futuro é sem fronteiras
O Grupo Guararapes já deu os primeiros passos nesse sentido: ao comprar um jeans na Riachuelo, você está adquirindo um produto que utilizou em sua produção 90% menos água que a média da indústria têxtil. Mas o mundo carece de mais atividades com essa perspectiva, e o nosso impulso em atingir novas metas sempre foi forte e motivado pelas constantes mudanças sociais.
Agora, entramos em uma nova fase na luta por um varejo cada vez mais sustentável: a criação de um hub de inovação e sustentabilidade que vai permitir que encontremos soluções para a reciclagem têxtil. Os embriões foram lançados há pouco mais de dois anos com o programa “Moda que Transforma”, que segue presente em mais de 330 lojas da rede no Brasil. A iniciativa recolhe roupas, calçados e acessórios usados por nossos clientes para serem transformados em matérias-primas para outras indústrias.
Acima de tudo, compreendemos que o mundo necessita de um modelo econômico sustentável, que garanta a manutenção de investimentos e transformação social. É para esse caminho que estamos inovando.
Flávio Rocha é presidente do conselho de administração do Grupo Guararapes.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
Artigo publicado na edição 100 da revista Forbes, em agosto de 2022.