Após quase cinco horas em leilão, as ações da Americanas (AMER3) iniciaram seus negócios hoje (12) na B3 a R$ 2,40, baixa de exatos 80% em relação ao fechamento anterior. Em duas horas foram realizados 85 mil negócios, que movimentaram 530 milhões de ações.
Para comparar, desde 22 de agosto de 2022, primeiro pregão após a indicação de Sergio Rial para a presidência da varejista, a média diária transacionada era de 31,7 milhões de ações em 34 mil negócios. Ou seja, a descoberta do rombo elevou em 1.500% o volume de ações negociadas e em 160% o total de negócios fechados.
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Em Wall Street, os American Depositary Receipts da Americanas, negociados no mercado de balcão com o código BTOOY, estão cotados a US$ 3,50 (R$ 17,25), queda de 21% em relação à véspera. Não há informações sobre volume.
A baixa nas ações da Americanas afetou outras empresas de varejo, mas não todas. As ações da Meliuz (CASH3) estão em baixa de 5% e os papéis da Via, antiga Via Varejo (VIIA3) estão em baixa de 3,8%. A exceção são os papéis da Magazine Luiza (MGLU3), que estão subindo 5,6%.
Problemas contábeis
O que causou a queda das ações foi o pedido de demissão de Sergio Rial, anunciado em um fato relevante divulgado na noite de ontem (11). O comunicado informou “inconsistência contábeis” no total de R$ 20 bilhões.
Em uma apresentação na manhã de hoje, Rial admitiu problemas com transparência na Americanas. “Em algumas organizações, especialmente as que precisam de ajustes, a disposição da administração em falar de problemas por vezes é menor do que deveria ser”, disse ele a investidores.
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Na apresentação, ele disse que a diferença contábil está na conta de “Fornecedores”. Em muitos casos, a Americanas financia os fornecedores, pagando antecipadamente a compra de mercadorias que serão revendidas na rede. Rial afirmou que a rede captava esses recursos em bancos, mas não contabilizava esses empréstimos como dívida, o que deveria ser feito. O executivo admitiu que essa é uma prática tradicional no varejo. “Esse assunto vem sendo discutido desde os anos 1990”, disse ele.
Troca de comando
O ex-CEO foi indicado para o comando da empresa no dia 19 de agosto do ano passado, uma sexta-feira, o que provocou uma alta de 22,5% nas cotações no pregão seguinte, a segunda-feira 22 de agosto. Com uma trajetória muito bem sucedida no Santander, em que transformou a subsidiária brasileira na operação mais rentável do banco em todo o mundo, Rial foi visto como um executivo capaz de cortar custos e de acelerar a integração entre o varejo físico e o digital.
Seu anúncio para o comando da Americanas gerou expectativas de um desempenho parecido. O varejo e o sistema financeiro têm se aproximado nos últimos anos, graças à tecnologia, que permite vender produtos financeiros às enormes bases de clientes das redes varejistas. A expectativa dos investidores era de um aumento da eficiência e da multiplicação das linhas de receita da Americanas, como programas de milhagem, concessão de crédito e distribuição de produtos e serviços financeiros. Agora, esses planos terão de ser adiados.