O dólar fechou praticamente estável ante o real nesta segunda-feira, ainda assim com a moeda brasileira tendo performance melhor do que a maioria de seus pares, enquanto agentes financeiros seguem na expectativa pelas decisões de política monetária a serem divulgadas mais tarde nesta semana.
O dólar à vista fechou com variação positiva de 0,04%, a 5,1147 reais na venda.
O Federal Reserve (Fed) é o principal destaque da semana, com reunião de política monetária de dois dias que começa na terça-feira. No mercado, as expectativas estão bem consolidadas por uma alta de 0,25 ponto percentual e, portanto, uma nova redução no ritmo de aperto. Assim, as atenções estão voltadas para o discurso do chair da instituição, Jerome Powell, e suas sinalizações sobre os próximos passos do banco central norte-americano.
Além disso, decisões de juros na zona do euro e na Inglaterra também estão no radar dos investidores. Em meio a essas expectativas, o dólar teve sessão de fortalecimento. A moeda norte-americana avançava cerca de 0,30% ante uma cesta de divisas fortes e também ganhava contra a maioria dos emergentes.
A corretora Correparti disse em comentário a clientes que a entrada de recursos estrangeiros favoreceu o real, em especial pela manhã, quando o dólar caía contra a moeda brasileira.
O fluxo positivo ao país vem sendo citado por analistas como um fator importante de ajuda ao real nas últimas semanas, diante da reabertura econômica da China, que torna as moedas emergentes mais atrativas, e o diferencial de juros entre Brasil e países desenvolvidos.
“Embora tenha uma série de incertezas fiscais no cenário político, temos esse cenário global que está justificando, então, o desempenho dos ativos daqui e segurando esse movimento do real”, disse à Reuters a economista-chefe na Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, citando entrada de recursos no país e um dólar mais fraco no exterior durante a maior parte de janeiro.
No Brasil, o Banco Central (BC) também divulga decisão de juros na quarta-feira, e a projeção majoritária dos operadores é de manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano.
Na cena política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a dar destaque para uma potencial aprovação de reforma tributária neste ano, em encontro com empresários da indústria na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Ele disse que avançar com as agendas fiscal, de crédito e regulatória é necessário para o desenvolvimento do setor no Brasil.
Haddad também confirmou ter discutido com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em encontro pela manhã possíveis perfis de um nome para substituir o atual diretor de Política Monetária da autarquia, e que não está descartada a nomeação de alguém com origem no setor privado.
Ainda no cenário doméstico, a pesquisa Focus do Banco Central voltou a mostrar nova elevação nas expectativas de inflação deste ano e de 2024 pelos economistas de mercado.
“No geral, a pesquisa Focus continua mostrando a desancoragem das expectativas de inflação, o que provavelmente está associado à percepção crescente de que as metas de inflação no Brasil podem ser eventualmente ajustadas para cima em algum momento”, disse a equipe do Citi em relatório.
Neste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teceu críticas à atual meta de inflação, o que preocupou agentes de mercado.
Operadores também mencionaram nesta segunda-feira certa volatilidade no câmbio devido à proximidade da formação da taxa Ptax.
A Ptax é calculada ao fim de cada mês pelo BC e agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente eleva a volatilidade.
O Banco Central ainda vendeu nesta sessão todos os 16 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados para fins de rolagem do vencimento de 1° de março de 2023.