O fluxo cambial para o Brasil fechou 2022 em território positivo, marcando o melhor resultado anual em uma década, mesmo após forte saídas em dezembro, mostraram dados do Banco Central hoje (04).
No acumulado do ano passado, o Brasil registrou ingresso líquido de 9,574 bilhões de dólares pelo câmbio contratado, maior superávit desde 2012 (+16,753 bilhões de dólares). Em 2021, o fluxo cambial havia ficado positivo em 6,134 bilhões de dólares.
A conta comercial fechou 2022 com ingressos líquidos acumulados de 34,288 bilhões de dólares, os maiores desde 2018, quando recebeu 47,740 bilhões de dólares. Essa cifra mais do que compensou as perdas de 24,714 bilhões de dólares sofridas pelo segmento financeiro no mesmo período, seu pior desempenho em dois anos (-51,173 bilhões de dólares em 2020).
Em 2021, os segmentos comercial e financeiro haviam registrado, respectivamente, superávit de 9,803 bilhões de dólares e déficit de 3,669 bilhões de dólares.
O resultado do fluxo em 2022 veio mesmo após o rombo de 12,482 bilhões de dólares registrado em dezembro pelo câmbio contratado, o pior desempenho para o mês desde 2019 (-17,612 bilhões de dólares) e em comparação com perdas de 9,946 bilhões no mesmo período de 2021.
É comum haver fluxos de saída mais intensos no último mês do ano, conforme instituições financeiras remanejam suas carteiras.
No mês passado, houve déficit de 453 milhões de dólares pelo lado comercial e de 12,029 bilhões de dólares pela conta financeira. Um ano antes, as respectivas contas tinham sofrido perdas de 691 milhões e 9,255 bilhões de dólares na base mensal.
O dólar à vista teve em 2022 queda acumulada de 5,3% – a primeira baixa anual desde 2016, quando a divisa norte-americana havia despencado 17,52%.
Boa parte das perdas do ano passado foi explicada pelo patamar elevado dos juros domésticos, que torna o real atraente para uso em estratégias de “carry trade”, ou a tomada de empréstimo em país de custos de empréstimo baixos e aplicação desses recursos num mercado mais rentável.
No entanto, o ciclo agressivo de aperto monetário do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, bem como temores domésticos sobre a segurança fiscal do Brasil sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, limitou as perdas do dólar frente ao real no ano passado, tendência que pode persistir em 2023.