A acentuada queda nas ações da Tesla está se provando um pesadelo incessante para gestores de fundos que apostaram pesado na fabricante de carros elétricos liderada por Elon Musk.
No geral, 50 fundos com gestão ativa nos Estados Unidos têm ações da Tesla representando mais de 5% de seus ativos, excedendo a barreira que muitos gestores de portfólio não cruzam com apenas uma posição para diversificar sua exposição.
Estes fundos caíram uma média de 42,1% ano passado, mais que o dobro da média de 17% dos fundos de ações nos EUA, segundo a Morningstar.
O fundo Baron Partners Retail, de US$ 6 bilhões (R$ 32,6 bilhões), e que lidera todos os fundos mútuos dos EUA com cerca de 52% de seus ativos em ações da Tesla, despencou quase 43% ano passado. O fundo Zevenbergen Genea Institutional, de US$ 54 milhões (R$ 294 milhões) e que tem 13% de seus ativos atrelados à montadora, caiu quase 59%. Ambos não comentaram o assunto.
As ações da Tesla despencaram cerca de 65% no ano passado, com declínios acelerando depois que Musk decidiu comprar o Twitter. Os papéis da montadoras tombaram 37% em dezembro e caíram mais de 12% ontem (3), primeiro dia de negociação de 2023, depois que as entregas da companhia ficaram abaixo do esperado no quarto trimestre.
A perspectiva de outro ano de performance menor que as expectativas do mercado pode fazer outros grandes investidores na Tesla reduzirem suas exposições, disse Dan Ives, analista da Wedbush Securities.
“É um momento de encruzilhada para muitos desses investidores institucionais, e muito de para onde eles vão é dependente de Musk”, disse ele. “Musk começou o fogo com o show de circo no Twitter e é o único que pode apaga-lo e fazer com que Wall Street foque nos fundamentos da empresa novamente.”
Musk concluiu a aquisição do Twitter por US$ 44 bilhões (R$ 239 bilhões) em outubro. Ele logo começou a demitir altos executivos da empresa e promoveu demissões de mais da metade dos funcionários da rede social enquanto parece mudar a estratégia da companhia tuíte por tuíte. O patrimônio líquido do bilionário caiu mais de US$ 100 bilhões (R$ 544 bilhões), de acordo com a Forbes, o que o tirou da posição de pessoa mais rica do mundo.
Até agora, há poucos sinais de que os maiores apoiadores da Tesla estão perdendo a fé. O ARK Innovation ETF, por exemplo, comprou 144.776 ações da Tesla durante a queda do papel na terça-feira, elevando a participação da montadora nos seus US$ 5,9 bilhões (R$ 32,1 bilhões) em ativos para cerca de 6,5%. O fundo caiu 67% no ano passado, perto das maiores quedas registradas por todos os fundos de ações dos EUA. O fundo não comentou o assunto.
Embora as ações da Tesla estejam atualmente sofrendo, elas estão em posição de superar o desempenho ao longo do tempo devido à sua tecnologia de bateria superior, disse Graham Tanaka, cujo Tanaka Growth Fund, de US$ 14 milhões (R$ 76,2 milhões), tem cerca de 5,3% de seus ativos na empresa.
“O Twitter é uma distração temporária, mas enorme, e é lamentável que Musk tenha mordido mais do que pode mastigar, mas não prejudicou de forma alguma as operações ou as perspectivas de crescimento futuro da Tesla“, disse ele.