As ações das big techs americanas sempre estiveram no radar dos investidores pelo crescimento agressivo de seus resultados. Essa situação, porém, começou a mudar em 2022. Com a alta dos juros nos EUA para tentar conter a inflação, os custos de capital das companhias se elevou e pressionou as margens de lucro, provocando uma queda nas cotações. É hora de comprar?
No conjunto, o valor de mercado de gigantes como Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft caiu US$ 3,1 trilhões (R$ 16 trilhões) em doze meses, segundo um levantamento da empresa de informações financeiras TradeMap. Essa cifra é mais que o triplo de todas as empresas com ações negociadas na B3.
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A maior queda foi da Apple, cujo valor de mercado encolheu US$ 680 bilhões. Em seguida veio a Alphabet, controladora do Google. Seus acionistas amargaram uma baixa de US$ 657 bilhões em seus investimentos nos últimos doze meses.
Esse fenômeno deve continuar em 2023. Mas será uma oportunidade de compra? Para responder essa pergunta, a Forbes conversou com analistas e economistas para entender o cenário vivido por essas empresas. Para eles, vai ocorrer algo semelhante ao observado nas empresas de tecnologia brasileiras a partir do segundo semestre de 2021.
As cotações recuaram e ainda não retornaram aos picos vistos durante a pandemia. “Os investidores anteciparam a desaceleração da economia e as cotações caíram”, diz Bruno Mori, economista e sócio fundador da consultoria Sarfin. Ele diz esperar um cenário semelhante neste ano. “Os juros vão permanecer altos e a economia americana deve desacelerar”, diz.
Diversificação e tradição
André Kim, analista da GeoCapital, acrescenta que a redução do poder de compra vai afetar os resultados das empresas como um todo. “Os consumidores vão trocar produtos mais caros pelos mais baratos”, diz ele. “Isso deve ser notado primeiro nos produtos tecnológicos com a redução na assinatura de serviços de streaming ou com uma frequência menor da troca de celular, que não são gêneros de primeira necessidade.” As consequências, avalia Kim, vão se refletir nos balanços. “É provável que as empresas segurem gastos e continuem demitindo, o que nos deixa menos otimistas com o setor.”
Para a economista independente Ariane Benedito, as empresas mais diversificadas são alternativas melhores para enfrentar a instabilidade. Companhias como a Amazon, que atua no varejo e na logística, além da tecnologia. Outros exemplos são nomes conhecidos e consagrados entre os consumidores. “Empresas como Intel, Samsung e Microsoft terão vantagens na obtenção de recursos”, diz ela.
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Mori, da consultoria Sarfin, também diz acreditar que as empresas consolidadas como Apple, Microsoft, Alphabet e Meta serão mais capazes de repassar aumentos de custos para os consumidores e não sofrerão tanto.
Hora de comprar?
Na visão de Kim, há dois grupos de empresas. As cujas cotações estão atrativas e as que ainda podem sofrer correção, como as que são impactadas pelo varejo. “Apesar de essas ações já terem perdido muito valor, nós avaliamos que elas ainda não chegaram ao fundo do poço”, diz Kim. “Então, preferimos realizar investimentos pontuais nesses papéis, pois avaliamos que eles podem ficar ainda mais baratos nos próximos meses.”
Para os analistas, os investidores interessados devem tomar alguns cuidados. É preciso acompanhar o cenário macroeconômico, que pode representar risco para os resultados dessas companhias. E outra recomendação importante é respeitar o próprio perfil como investidor. Assim como os balanços e os resultados são vultuosos, as oscilações nos preços também prometem ser, pelo menos nos próximos meses.