O programador gaúcho Matheus Danemberg, nascido em Pelotas em 1993, foi atraído pelo empreendedorismo logo cedo. Ele começou a trabalhar aos 17 anos. Em 2013, com 20 anos, convidou um amigo para abrir uma empresa de programação. A estratégia parecia infalível: concorrer com as empresas em que havia trabalhado, oferecendo os mesmos serviços.
“Éramos dois desenvolvedores que pegavam muitos trabalhos como freelancer. Achávamos que era o suficiente para abrir uma empresa de sucesso, mas não foi”, diz Danemberg. “Nenhum de nós sabia olhar para o negócio e entender como ele poderia se manter de pé, então ele durou apenas um ano.”
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Danemberg entrou em uma nova empreitada logo em seguida. Depois em outra. E em outra. Para resumir: quatro iniciativas, quatro fracassos. “Foi incrível a minha capacidade de falhar. Dali pra frente, eu decidi que nunca mais iria empreender”, explica ele.
Seu caminho foi voltar para o mundo corporativo, desta vez em uma posição de liderança graças ao conhecimento obtido em suas tentativas de empreender. No entanto, a insatisfação continuou. “Eu não conseguia ter uma perspectiva de crescimento, não via desafios e aquilo foi me deixando cada vez mais desanimado”, afirma Danemberg. “Sou movido por crescimento e encontrar ‘tetos’ em todos os lugares que trabalhava me deixava muito frustrado.”
A solução foi uma nova tentativa de empreender. Com um sócio, o programador iniciou uma empresa de chatbot, assunto hoje em alta. Na época, o negócio passou pela seleção da aceleradora Startup Farm e foi escolhido para participar de programa especial de desenvolvimento na sede do Google, em São Paulo. “Foi um choque de realidade muito grande”, afirma o empresário. “Só lá comecei a entender porque falhei tantas vezes.”
Na segunda semana a startup já havia sido desqualificada. Danemberg percebeu então qual era seu erro recorrente: concentrar-se apenas na tecnologia e não no modelo de negócio. “Foi um momento de virada”, diz. “Conviver com mentores, especialistas de mercado e outros empreendedores me fez entender que caminhos eu precisava trilhar e me levou a estabelecer objetivos mais factíveis.”
De lá, o empresário levou conselheiros para a vida, como o CEO da Startup Farm, Alan Leite, que virou mentor das próximas empreitadas. Com o auxílio das novas parcerias, Danemberg percebeu que o que sabia fazer era criar produtos digitais, mesmo que não estivessem em linha com o que o mercado demandava naquele momento.
Foi assim que nasceu a Nav9, sua primeira empresa de sucesso. Ela surgiu de sua aptidão com os produtos digitais para resolver as dificuldades de startups que não têm como desenvolver essas soluções por si próprias. “Nossa função é ser o parceiro de tecnologia para todas as empresas, sejam elas startups ou grandes companhias, que tenham a dificuldade de colocar no mundo as suas soluções digitais”, diz ele.
Em cinco anos, a Nav9 aumentou seu faturamento de R$ 180 mil para R$ 9 milhões e hoje atende clientes como Iguatemi, Banco ABC e SBT. A perspectiva de 2023 é crescer 43% e atingir R$ 13 milhões em faturamento. “Estamos conseguindo clientes cada vez maiores, com desafios mais sofisticados e acreditamos que a nossa solução se encaixou perfeitamente com a necessidade do mercado”, diz Danenberg.
A conexão entre tecnologia e estratégia deve seguir trazendo frutos, diz o empresário. “A liberdade de trazer novos desafios e novas metas me permite não viver com os ‘tetos’ que encontrei no mundo corporativo”, afirma. “Estamos crescendo, temos 70 funcionários e muito espaço para crescer.”