A depressão tirou tudo de Eliane Dalla Vecchia. Nascida em Goiânia em uma família simples, ela precisou se tornar empreendedora muito jovem. Começou vendendo bombons e peças de artesanato, mas nunca imaginou que o seu futuro seria fundar uma das maiores marcas de maquiagem vegana do país, a Dalla.
Muito antes de realmente abraçar a sua face empreendedora, Vecchia se formou em marketing, em logística e era funcionária de uma companhia até sofrer de depressão, em 2012.
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“Eu sempre trabalhei na área de segurança patrimonial, no segmento de logística, mas tudo mudou em 2012, quando eu entrei em uma depressão muito forte”, conta a empresária. “Eu perdi meu emprego, meu carro, minha casa e até minha dignidade.”
Vecchia conta que chegou a não ter dinheiro para comer, dependendo da ajuda de amigos próximos nos momentos de maior dificuldade. Em uma dessas trocas de favores, a empresária aceitou ajudar uma amiga a comprar enfeites para a festa de sua filha na internet.
Ao começar a procurar pelas decorações, ela percebeu que muitas coisas podiam ser importadas da China e que os valores eram muito baixos. “Como não dormia por conta da depressão, eu ficava conversando com os chineses a madrugada inteira e aquele negócio me chamou a atenção”, conta.
Porém, existia um problema nessa equação. Como comprar quantidades de produtos sem dinheiro? “Eu percebi que tinha muita maquiagem à venda nesses sites, então eu comecei a vender esses produtos no Facebook”, diz Vecchia. “Eles custavam R$ 10, eu vendia por R$ 20 e explicava que o produto iria chegar em dois meses na casa das clientes.”
Assim, ela recebia o valor antecipado, pagava o produto na internet e se mantinha com o lucro de cada unidade. Na base do boca a boca, o negócio começou a dar certo. Assim, ela montou uma loja online na própria plataforma e começou a ver que seu trabalho estava dando certo, o que a tirou de buraco em que se encontrava.
Em um estado mental mais tranquilo, a empresária decidiu abrir um site para vender suas maquiagens, já que tinha conseguido dinheiro para comprar os produtos em maior quantidade. O Atacadão das Maquiagens, como é chamado, deu muito mais certo do que ela imaginava.
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A época do boom da marca coincidiu com o lançamento dos batons líquidos no país. Suas fiéis clientes começaram a cobrar pelo chegada do produto na loja online, mas o tempo de espera para os produtos internacionais já não conseguia agradar quem queria o batom para acompanhar a moda.
Assim, a empresária foi atrás da fábrica que produzia os batons para a única marca que tinha lançado no Brasil. Sem CNPJ para fazer compras grandes, Vecchia não conseguiu os produtos para a revenda, mas recebeu uma oferta interessante dos próprios fabricantes da marca.
“Eles me falaram que tinham uma marca própria que poderiam vender para mim e me mandaram algumas amostras”, explica. “Em seis meses, estava chegando mais de uma tonelada de batom na minha casa e deu muito certo.”
Com o produto, Vecchia começou a vender em atacado para o Brasil inteiro e ganhou crédito com a fábrica. Depois de passar por alguns problemas vendendo produtos de outras marcas, a empresária decidiu criar a sua própria.
Dalla
A Dalla já nasceu vegana, em 2016, quando o assunto nem era importante no país. Não porque a empresária era vegana, mas sim porque ela precisava de um apelo para a sua marca e tinha noção de que era possível causar menos impacto ambiental com seus produtos, então focou todas as suas forças nisso.
“A minha intenção nunca foi levantar a bandeira. Eu queria ter um apelo diferente e ter responsabilidade. Se nós não precisamos testar em animais, então não vamos fazer”, conta Vecchia.
A fórmula do primeiro produto demorou mais de um ano para ficar pronta. A base de alta cobertura fez tanto sucesso que havia fila de espera. A marca virou conhecida em todo o país.
Assim, a linha começou a aumentar e a empresa precisou mudar a sua sede para São Paulo.
Estratégia
A estratégia de Vecchia para se manter no mercado é antecipar as tendências. Com tantas marcas veganas aparecendo, a empresária conta que é preciso estar altamente antenada no que está surgindo fora do país para trazer as novidades primeiro para a Dalla.
Para isso, ela usa a sua marca de venda de produtos, o Atacadão das Maquiagens, como laboratório para entender o que as clientes querem ou não.
“Na pandemia, todas as marcas tinham parado de trabalhar e nós continuamos funcionando. Na época, teve um show da Ariana Grande em que ela usava um delineador branco e isso não tinha aqui”, conta. “Nós fizemos de última hora e vendemos mais de 300 mil unidades, mesmo com as pessoas em casa.”
Expansão
Hoje, a marca ainda vende de forma predominante para as classes C e D, mas a empresa está investindo em uma nova linha, a My Secret, que quer atingir maquiadores e profissionais da área, além dos consumidores finais.
Assim, em 2022, a Dalla faturou R$ 23 milhões e espera aumentar esse valor em 30% em 2023. Antes da pandemia, o faturamento da empresa era de R$ 40 milhões.
“2023 está um ano muito aquecido e estou sendo muito conservadora em estimar um crescimento de 30%”, explica Vecchia. “Nós estamos com muitas novidades para esse ano e as nossas expectativas são as melhores possíveis.”