Em meio às restrições de capital para o segmento de risco do mercado financeiro, uma área de financiamento tem se desenvolvido mais nos últimos anos, a de fundos de CVC (Corporate Venture Capital) – investimentos feitos por empresas em startups.
Um levantamento feito pela Abvcap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) em parceria com a EloGroup, Fundação Dom Cabral, Wayra Brasil, Vivo Ventures, Global Corporate Venturing (GCV) e ApexBrasil, apurou o crescimento da modalidade nos últimos anos. Nos últimos três anos, 27 empresas de capital aberto lançaram programas de CVC, contra 9 companhias nos três anos anteriores.
Alguns nomes são B3 (B3SA3), com cerca de R$ 600 milhões em investimentos, Vale (VALE3), com R$ 100 milhões, Vivo (VIVT3), com R$ 300 milhões, e Suzano (SUZB3), com R$ 70 milhões. Somente as companhias abertas somaram R$ 3,04 bilhões em investimentos em startups no ano passado.
A maioria (23,5%) dos orçamentos fica entre R$ 200 e R$ 500 milhões e a maior parte (53%) dos investimentos são feitos por meio de fundos de participação (FIP). Na sequência aparecem investimentos de até R$ 50 milhões que são feitos na modalidade direto do balanço (38,2%) – um cenário exclusivo do Brasil, segundo a Abvcap, que afirma que em outros países a preferência é por investimentos diretos do balanço.
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O foco dos programas CVC são em empresas em fase de captação série A ou B (88,2%) e semente (76,5%). Na comparação com os investimentos globais, registrados pela GCV, as séries A e B são maioria predominante, com 96% dos investimentos, contra os 53% dos aportes semente.
Foram ouvidas 41 grandes empresas no levantamento, em que 83% delas responderam ter iniciativas de CVC. Dentre as que possuem, 80% faturam mais de R$ 1 bilhão – 20% delas, acima de R$ 100 bilhões.
Para essas companhias, o investimento em startups é considerado uma estratégia disruptiva para negócios futuros ou olhando para a criação de novos negócios no presente. A menor parte dos respondentes sinalizou o apoio a negócios já existentes ou retorno financeiro.
A pesquisa da Abvcap, também verificou que 72,7% das iniciativas de CVC no Brasil ainda está em estágio inicial, com cerca de três anos de duração (foram criadas entre os anos de 2020 e 2022). Os pesquisadores observam que esse é um período importante para avaliar as companhias que seguem para a fase seguinte, de expansão.
Para fins de comparação, os dados globais da GCV apontam que 80% das unidades globalmente têm uma taxa de perda de programas CVC de até 30%. Entretanto, o retorno financeiro deste tipo de investimento só acontece na última fase, a de resiliência, a partir do 7º ano, segundo a associação.