O dólar à vista fechou hoje (3) em leve queda ante o real no Brasil, em mais um dia em que as cotações foram influenciadas de forma decisiva pelo exterior, onde a moeda norte-americana recuava ante divisas de países emergentes, ainda que em margens estreitas.
Até o início da tarde, o dólar chegou a se manter em alta ante o real, com o mercado demonstrando certo desconforto com as novas críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo Banco Central.
Depois disso, no entanto, o dólar negociado no Brasil alinhou-se à tendência vinda do exterior, passando a registrar perdas leves. Com a sessão já esvaziada na tarde de hoje (3), a moeda se manteve muito próxima da estabilidade.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,20, em baixa de 0,07%. Na semana, a moeda norte-americana fechou com leve alta de 0,04%.
Na B3, às 17h24 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,19%, a R$ 5,22.
Ontem (2), Lula voltou a criticar o Banco Central pelo nível da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 13,75% ao ano, e alertou que o Brasil pode passar por uma crise de crédito “logo logo”.
Os comentários, feitos durante entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, da Band News, ainda permeavam as mesas de operação na manhã de hoje (3). A leitura era de que a pressão de Lula sobre o presidente do BC, Roberto Campos Neto, prejudica a confiança na condução da política monetária e eleva os prêmios de risco do país.
Neste cenário, o dólar até abriu o dia em baixa ante o real, acompanhando o otimismo externo, mas rapidamente passou a subir, em meio ao desconforto com as críticas de Lula. Após ter registrado a cotação mínima de R$ 5,18 no início da sessão, a moeda à vista atingiu a máxima de R$ 5,23 perto do meio-dia. Porém, a oscilação da mínima para a máxima foi de menos de 1%, o que mostra o quanto as cotações seguiram travadas hoje (3).
Durante a tarde, com a liquidez já reduzida em função da proximidade do fim de semana, a moeda norte-americana se reaproximou da estabilidade e passou a registrar leves perdas.
“Estamos bem ligados ao exterior”, afirmou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, ao explicar a virada do dólar para o campo negativo durante a tarde. “As bolsas americanas ficaram mais fortes, e o dólar também recua ante outras divisas de emergentes”, acrescentou.
Às 17h24 (de Brasília), o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,42%, a 104,520.
Operador ouvido pela Reuters citou a diminuição dos negócios durante a tarde no Brasil, em especial no mercado futuro de dólar – o mais líquido no país e, no limite, o que conduz as cotações do mercado à vista.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em operação para rolagem dos vencimentos de abril.