O dólar estendia suas perdas pela segunda sessão consecutiva nesta quinta-feira (9), embora caísse a ritmo bem mais lento e mostrasse alguma instabilidade no sinal, com participantes do mercado dando o benefício da dúvida ao novo arcabouço fiscal do Brasil, a ser apresentado pelo governo ainda em março.
Enquanto isso, investidores ficavam à espera de um importante relatório de emprego norte-americano previsto para sexta-feira.
Às 10:06 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,17%, a R$ 5,1306 na venda.
Na B3, às 10:06 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,28%, a R$ 5,1545.
O viés negativo do dólar nesta manhã vinha depois de, na véspera, a moeda norte-americana à vista já ter tombado 1,05%, a R$ 5,1391 na venda.
“A tentativa do governo de aparecer com a sinalização de conseguir entrar a fundo neste mês no programa de controle de gastos fez o dólar baixar forte”, disse Fabrízio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Agentes financeiros dão o benefício da dúvida ao plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para sustentar as contas públicas, com muitos argumentando que, independentemente do desenho do arcabouço, apenas a maior visibilidade fiscal já colabora para melhorar a confiança de investidores domésticos.
Também tem trazido maior calma aos operadores o recente esfriamento nas tensões entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central, dizem profissionais. No mês passado, ataques do petista ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%, geraram forte turbulência no mercado financeiro.
Apesar da desvalorização recente do dólar, Velloni disse que a volatilidade deve ficar mais elevada na reta final desta semana devido à divulgação, agendada para a manhã de sexta-feira, dos dados de emprego do Departamento do Trabalho dos EUA.
A leitura referente a fevereiro será analisada pelas autoridades do Federal Reserve em sua reunião de política monetária de março. Nesta semana, o chair do banco central, Jerome Powell, afirmou que o Fed está disposto a adotar altas de juros mais agressivas, de 0,50 ponto percentual, caso encontre novas evidências de que a economia não está arrefecendo o suficiente para reduzir a inflação.
“O ‘payroll’ pode deixar o mercado bem volátil entre hoje e amanhã, esperando esses números para ter uma direção um pouco mais clara de onde vai à economia e os juros, principalmente nos Estados Unidos”, disse Velloni.