Nesta terça-feira (7), o Ibovespa teve uma queda de 0,45% a 104.227,93 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 21 bilhões. O pregão foi influenciado pelo desânimo no exterior, decorrente do posicionamento rígido de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve), o banco central americano. Em um depoimento no Congresso americano, Powell falou sobre as altas de juros nos Estados Unidos. Além disso, a questão do arcabouço fiscal a ser definido pelo governo segue no radar do mercado.
Em audiência, Powell disse que o mercado de trabalho não sugere a proximidade de uma contração econômica, mesmo com o banco central norte-americano agindo agressivamente para reduzir a inflação. Ele também afirmou que o Fed poderia trazer a inflação de volta para 2% sem causar perdas significativas de empregos, podendo isso significar um aumento maior do que o previsto nas taxas de juros.
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Logo em seguida, os principais índices de ações de Wall Street operaram em baixa com o depoimento de Powell sugerindo um caminho de política monetária mais agressivo na maior economia do mundo. A expectativa de juros mais altos nos EUA deu força ao dólar ante moedas emergentes, fechando em alta de 0,44% a R$ 5,192 e pressionando as bolsas de ações.
Marcus Labarthe, especialista da GT Capital, afirma: “Ibovespa cai hoje influenciado pela fala dura de Powell em relação a ver os juros mais altos nos EUA por mais tempo, o que gerou aversão a risco nos mercados. As falas dele reforçam a possibilidade de ajuste em 0,50 ponto percentual na próxima reunião do FED, o que deixa o mercado preocupado. Com isso, a bolsa, que já abriu o pregão no zero a zero, passou a cair.
No Brasil, reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a nova regra fiscal, esteve no radar do mercado após Haddad afirmar que sua pasta fechou sua contribuição para o novo arcabouço do governo. O ministro afirmou ainda que validou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o desenho do programa Desenrola, voltado ao refinanciamento de dívidas de consumidores, com a garantia do governo.
Daniel Miraglia, economista do Integral Grupo, diz: “O Brasil tem se tornado mais sensível ao movimento de alta de juros no exterior por conta da incerteza fiscal que estamos vivendo. Não temos clareza de qual será o novo arcabouço fiscal, ou o que o novo governo pretende fazer para equilibrar as despesas. Temos um processo inflacionário alto, cerca de 8,5% a 9%, e deve voltar a subir durante o ano”.
Entre os destaques positivos, Azul (AZUL4), CVC (CVCB3) e Gol (GOLL4) lideravam os ganhos novamente, com subidas de, respectivamente, 19,22% a R$11,91; 8,38% a R$ 3,62 e 5,51% a R$6,70. Alexsandro Nishimura, especialista da Nomos, explica: “As aéreas Azul e Gol mantiveram a força e subiram novamente, refletindo os acordos de ontem da Azul com credores de arrendamentos de aeronaves. As ações da CVC também subiram após a companhia confirmar que está negociando o reperfilamento de sua dívida com seus credores…”
Na Europa, os mercados de ações registraram sua maior queda diária em duas semanas com investidores avaliando as perspectivas de um aumento de 0,50 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve após o posicionamento mais rígido de Jerome Powell. A fala veio antes das reuniões de política monetária do Fed e do Banco Central Europeu (BCE) ainda neste mês.
(Com Reuters)