O suíço UBS Group AG fechou um acordo para comprar seu concorrente Credit Suisse por mais de US$ 3 bilhões, os dois bancos anunciaram hoje (19), enquanto executivos de bancos e autoridades suíças correm para conter uma crise provocada em parte pelo colapso de dois grandes bancos dos EUA na semana passada.
- O UBS concordou em pagar US$ 3,2 bilhões (ou 3 bilhões de francos suíços) em um acordo de ações, com os investidores do Credit Suisse recebendo uma ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse detidas, acima da oferta inicial de US$ 1 bilhão que o Credit Suisse supostamente teria recebido e considerada muito baixa.
- O acordo representa um grande desconto em comparação com a capitalização de mercado do Credit Suisse há apenas dois dias: o UBS diz que a aquisição custará o equivalente a US$ 0,82 (ou 0,76 francos suíços) por ação, menos da metade do preço de US$ 2,01 da ação do Credit Suisse quando os mercados fecharam na sexta-feira (17).
- A empresa combinada terá mais de US$ 5 trilhões em ativos totais investidos, e o UBS espera garantir US$ 8 bilhões em cortes de custos nos próximos quatro anos, disse o UBS em uma declaração desta tarde.
- O governo suíço ajudou a intermediar o negócio, com o objetivo aparente de concluir a fusão antes da abertura dos mercados asiáticos amanhã.
- Como parte do acordo, o Banco Nacional Suíço – o banco central do país – ofereceu ao Credit Suisse e ao UBS até US$ 108 bilhões em empréstimos de assistência à liquidez, de acordo com comunicado.
- O governo suíço também deve acelerar o acordo abrindo mão do período de espera de seis semanas normalmente exigido antes de uma fusão, de acordo com o “New York Times”, e as autoridades suíças não vão exigir que o UBS consiga a aprovação dos acionistas.
Com a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, foi encontrada uma solução para garantir a estabilidade financeira e proteger a economia suíça nesta situação excepcional, diz o comunicado do Banco Nacional da Suíça.
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Crise do Credit Suisse
O banco suíço já tinha emprestado US$ 54 bilhões do Banco Nacional da Suíça na semana passada. O banco central do país ofereceu ajuda com a liquidez do Credit Suisse “se necessário”, mas o preço das ações caíram quase 7% no dia seguinte à oferta.
As negociações das ações do Credit Suisse chegaram a ser interrompidas na quarta-feira (15) depois que o preço caiu mais de 21%. Na véspera, o banco anunciou ter sofrido “fraqueza material” em seus processos de relatórios financeiros de 2021 e 2022. Em resposta, seu maior financiador, o Saudi National Bank, disse que não compraria mais ações do Credit Suisse.
Com os recentes colapsos do Silicon Valley Bank e do Signature Bank nos EUA, espalhou-se a incerteza de que problemas financeiros mais amplos poderiam ser causados em bancos em todo o mundo.
A desaceleração do Credit Suisse, entretanto, não está ligada ao SVB e ao Signature. Seus problemas são anteriores à crise atual – o ano fiscal de 2022 fechou com uma perda de quase US$ 8 bilhões (R$ 42,25 bilhões).
O próprio banco e alguns de seus executivos e consultores foram recentemente ligados a escândalos, incluindo fraude e falha na prevenção da lavagem de dinheiro.
* Este texto foi atualizado após a divulgação dos comunicados oficiais de UBS e Credit Suisse e do Banco Nacional da Suíça