As vendas de novos imóveis residenciais cresceram 32,6% em 2023 em comparação com 2022, impulsionadas tanto pelo segmento de médio e alto padrão quanto pelo programa habitacional Minha Casa Minha Vida, mostrou pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fipe.
A entidade também espera que as vendas e os lançamentos cresçam este ano, diante da tendência de queda na taxa de juros pelo Banco Central, afirmou o presidente da Abrainc, Luiz França, em entrevista a jornalistas, sem precisar números.
“A queda da taxa de juros apontando para um dígito trás um número maior de pessoas ao mercado. Os lançamentos e vendas vão subir”, disse França. A Selic está atualmente em 11,25% ao ano. Mas a mediana das projeções de pesquisa Focus do BC com o mercado mostra que a taxa chegará a 9% no final do ano.
“Vemos um cenário de 2024 positivo sobre demanda e oferta”, afirmou, acrescentando que não espera “nenhum aumento na relação distrato/vendas este ano”.
Na avaliação do executivo, com a taxa de juros abaixo de dois dígitos, “a classe média deve voltar com mais força”.
Em 2023, as unidades vendidas somaram 163.108, o melhor resultado da série histórica, iniciada há 10 anos, conforme indicador Abrainc-Fipe. Em termos de valor das vendas, o crescimento foi de 34,7%, para R$ 47,9 bilhões.
No caso de empreendimentos do programa habitacional federal, o volume de unidades comercializadas subiu 42,2%, para 117.434 unidades, com valor das vendas totalizando R$ 26 bilhões (+55,1% ano a ano), refletindo os ajustes do governo para retomada do programa após paralisação durante o governo de Jair Bolsonaro.
O segmento de médio e alto padrão, por sua vez, teve crescimento de 14% no volume vendido, para 42.997 unidades, com um valor das vendas 18,9% maior, em R$ 21,1 bilhões, conforme levantamento com 20 empresas associadas.
Segundo a Abrainc-Fipe, embora o valor total lançado neste segmento tenha caído 9,2%, para R$ 16,7 bilhões, “há uma indicação clara de uma readequação gradual nos níveis de estoque do médio e alto padrão”. O volume lançado também recuou 38%, para 24.527 unidades em 2023.
“Atualmente, a duração da oferta está em 17 meses, contra os 24 meses registrados no início de 2023.”
Em todos os segmentos, as unidades lançadas apresentaram recuo de 2%, para 118.062, mas o valor lançado cresceu 10,1% no período, para 38 bilhões de reais, de acordo com a pesquisa.
Dentro do MCMV, o crescimento nos lançamentos foi tanto em volume (+16,7%), quanto em valor lançado (+39,3%), totalizando 93.273 unidades e R$ 21,3 bilhões.
Segundo França, apesar de um início de ano “desafiador” no contexto macroeconômico, os ajustes nos indicadores econômicos e as melhorias no MCMV foram determinantes para o bom desempenho do setor em 2023.
“Além disso, observou-se um incremento de 17% nos preços dos aluguéis, fortalecendo ainda mais a procura por ativos imobiliários”, disse, citando ainda que o orçamento do FGTS para habitação popular em 2024 cresceu 7% sobre os R$ 105 bilhões de 2023.
A pesquisa também mostrou que a relação dos cancelamentos de contratos de compra e venda (distrato) sobre vendas no médio e alto padrão ficou em 11,8%, patamar considerado baixo pela associação, que atribuiu o desempenho à “eficácia do marco legal estabelecido em 2018”.