O Banco Central Europeu continuará elevando as taxas de juros até que a inflação esteja sob controle, disseram duas autoridades do BCE nesta sexta-feira (5), enquanto pesquisas mostraram que a luta contra o aumento dos preços está longe de terminar.
O presidente do banco central francês, François Villeroy De Galhau, e seu colega lituano, Gediminas Simkus, reafirmaram a intenção do BCE de aumentar ainda mais os custos dos empréstimos, várias vezes se necessário, o que os mercados financeiros ainda duvidam.
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“A essência do esforço foi feita, embora provavelmente haverá mais alguns aumentos de juros”, disse Villeroy à emissora francesa Radio Classique.
O banco central dos 20 países que usam o euro elevou sua taxa de depósito na quinta-feira pela sétima vez consecutiva, mas o aumento de 25 pontos-base foi menor do que os movimentos anteriores.
Os preços do mercado monetário mostraram que os investidores estão calculando uma alta probabilidade de outro aumento de 0,25 ponto na taxa de depósito no próximo mês, o que a levaria para 3,50%, mas que estão menos convencidos de que o BCE subirá novamente depois disso.
Villeroy explicou o aumento menor na quinta-feira dizendo que as taxas mais altas estavam começando a ter efeito sobre a inflação. O BCE elevou a taxa de depósito em 375 pontos-base desde julho passado, algo sem precedentes.
“Vemos que o impacto dos aumentos de juros se infiltrou na economia”, disse ele.
Dados divulgados nesta sexta-feira mostraram que as vendas no varejo na zona do euro caíram mais do que o esperado em março, uma evidência do arrefecimento da demanda.
E duas pesquisas do BCE também publicadas nesta sexta-feira mostraram que os economistas reduziram suas projeções de inflação para este ano e para o próximo – para 5,6% e 2,6%, respectivamente – e que as empresas estão moderando o ritmo dos aumentos de preços.
Mas as pesquisas, que foram apresentadas às autoridades na reunião desta semana, também mostraram que a inflação está ligeiramente acima da meta de 2% do BCE em 2025 e que as empresas estão preocupadas com o aumento dos salários.
É provável que isso tenha consolidado a determinação do BCE de continuar apertando a política monetária nos próximos meses, embora em incrementos menores.
“A duração (dos aumentos de juros) agora é mais importante do que a velocidade”, disse Villeroy. “Seremos persistentes até que a inflação esteja sob controle.”
O BCE pretende levar a inflação de volta para 2% até 2025, “talvez até o final de 2024”, acrescentou.
Simkus ecoou essa opinião, dizendo a repórteres em Vilnius que as taxas “não estão altas o suficiente” e “precisariam ser aumentadas ainda mais”.
“Vamos manter as taxas altas por um tempo suficientemente longo para levar a inflação de volta para 2%”, disse o chefe do banco central da Lituânia.