O Bradesco (BBDC4) avalia que um acordo da Americanas (AMER3) com credores pode ser alcançado até junho, depois de avanços nas negociações nos últimos meses. O banco é um dos mais expostos à varejista em recuperação judicial.
“Está caminhando no sentido de um entendimento. De fato entendemos que até junho podemos conseguir chegar pelo menos a um acordo razoável”, afirmou Octávio de Lazari Junior, presidente do Bradesco, em entrevista a jornalistas após a publicação dos resultados de primeiro trimestre na noite da véspera.
“Pode não ser o melhor (acordo) para todos, mas pelo menos será o que é possível ser feito“, acrescentou o executivo, sem dar detalhes sobre as tratativas.
Em fevereiro, o Bradesco fez uma provisão extra de R$ 4,9 bilhões para cobrir toda sua exposição às Americanas, o que levou o banco a uma forte queda no lucro.
Na noite da véspera, o Bradesco divulgou queda de cerca de 37% no lucro líquido recorrente do primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, a R$ 4,28 bilhões, ainda pressionado em parte pelo crescimento da inadimplência, que chegou a 5,1% no final de março ante 4,3% no fim de 2022.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Lazari afirmou, porém, que o pico da inadimplência do banco está próximo, mas que o resultado do segundo trimestre ainda será pressionado pelos calotes. Porém, ele avalia que os resultados do Bradesco devem começar a apresentar uma melhora “gradual” a partir do segundo semestre, após o banco ter assumido uma postura mais conservadora nas concessões de crédito.
“Estamos observando melhora nas rolagens… as safras mais recentes (de operações de crédito) mostram que estamos chegando a um ponto de inflexão na curva”, disse o presidente do Bradesco. Por sua vez, o vice-presidente financeiro, Oswaldo Fernandes, afirmou que “a inadimplência de fevereiro para março começou a dar uma estabilizada… e as nossas estimativas de abril mostram uma arrefecida”.
Às 10h27, as ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) mostravam alta de cerca de 1% enquanto o Ibovespa avançava 0,75%.
Questionado sobre a crise bancária nos Estados Unidos, em que três bancos regionais entraram em colapso desde março, Lazari afirmou que não vê qualquer reflexo no Brasil.
“Não vejo nenhum risco de contaminação”, disse o executivo, citando uma regulação “extremamente mais rígida” do Banco Central, desenvolvida em anos anteriores após problemas em instituições financeiras do país.
Lazari afirmou ainda que a unidade do banco nos Estados, o Bradesco Bank, anteriormente conhecida como BAC Florida antes de ser comprada em 2020, “não tem nenhum problema semelhante” aos dos bancos regionais norte-americanos que quebraram no mês passado.
“Ele é bem menor, tem uma carteira de crédito calcada no imobiliário, praticamente nenhuma inadimplência”, disse o presidente do Bradesco sobre a operação norte-americana, que tem sido utilizada pelo banco brasileiro para oferecer serviços para clientes de alta renda, como oferta de contas em dólares.
Bancos dos Estados Unidos que faliram em 2023:
-
Foto: Reprodução/ Forbes EUA First Republic Bank
Data da falência: 01/05/2023
Total de ativos: US$ 229,1 bilhões -
Foto: Reprodução/ Forbes EUA Silicon Valley Bank
Data da falência: 10/03/2023
Total de ativos: US$ 209 bilhões -
Foto: Reprodução/ Forbes EUA Signature Bank
Data da falência: 12/03/2023
Total de ativos: US$ 118 bilhões -
Foto: Reprodução/ Forbes EUA Silvergate Capital
Data da falência: 08/03/2023
Total de ativos: U$ 11 bilhões
First Republic Bank
Data da falência: 01/05/2023
Total de ativos: US$ 229,1 bilhões