Alguns presidentes regionais do Federal Reserve sinalizaram recentemente uma abertura para examinar se 2% é o ajuste certo para a meta de inflação do banco central dos Estados Unidos, embora as condições para a alteração sejam exigentes e qualquer debate seja feito apenas bem no futuro.
“Poderíamos revisitar isso? Claro. Mas não podemos revisitar até que a inflação volte para 2%”, disse o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, em entrevista à Reuters na segunda-feira (22). Uma vez que o banco central reduza a inflação para 2% “então poderemos debater sobre qual deve ser a meta certa”, afirmou ele.
No final de abril, o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, também deu a entender que a meta poderia ter um novo cenário em algum momento. Como Kashkari, Harker disse que “não estamos mudando agora”, o que pareceu deixar em aberto a opção de alterar a meta mais tarde, embora ele também não tenha exigido uma mudança.
Em uma coletiva de imprensa após o final da reunião de política monetária do banco central de 21 a 22 de março, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que se opõe a qualquer mudança e destacou que um compromisso inabalável com a meta de 2% ajuda a angariar a confiança do público de que, mesmo que as pressões de preços a excedam, o banco central fará o que for preciso para baixá-las aos níveis desejados.
Mas o próprio Powell comprometeu o Fed a revisar sua estrutura operacional a cada cinco anos, o que significa que um reexame da atual meta de inflação poderia ser realisticamente colocado sob discussão em 2025.
Um obstáculo para essa ideia é que, até março, a visão mediana entre as autoridades do Fed era de que a inflação ainda estaria um pouco acima de 2% até o final daquele ano. Mesmo com aqueles abertos a revisitar a meta, como Kashkari, dizendo que o debate não deve ser iniciado até que a inflação volte à meta, qualquer discussão substantiva entre os formuladores de política monetária pode estar ainda mais distante, a menos que a inflação diminua mais rapidamente do que eles esperam atualmente.
Nos anos imediatamente posteriores a sua adoção, a inflação ficou consistentemente abaixo de 2%, levando alguns economistas a afirmar que elevar a meta aumentaria as expectativas de inflação e ajudaria a as pressões de preço no mundo real a subir para 2%.
Agora, com a inflação ainda em mais do que o dobro da meta, apesar de 14 meses de aumentos agressivos dos juros, alguns observadores avaliam que aumentar a meta aliviaria a pressão sobre o Fed para manter a política monetária rígida e diminuiria o risco de que a inflação voltar para o nível de 2% levasse o nível de desemprego a níveis dolorosos.