O Ibovespa opera com forte alta nas negociações desta quinta-feira (25), com os dados da prévia da inflação que veio abaixo do esperado e com o anúncio do presidente Lula sobre estímulos no setor automotivo. Por volta das 10h25, o principal índice da Bolsa de Valores registrava alta de 2,09%, atingindo 110.945,60 pontos. Enquanto isso, o dólar apresentava valorização de 0,78%, sendo negociado a R$ 4,99.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,51 por cento em maio, sobre alta de 0,57 por cento no mês anterior, informou o IBGE. O dado ficou abaixo da estimativa dos analistas do mercado financeiro, uma vez que a pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,64 por cento para o período.
” O IPCA-15 de maio veio bem melhor que o esperado por nos (0.60) e pelo antecipado pelo mercado (0.64). A forte deflação de passagem aérea (-17.26%), foi o destaque na desaceleração do headline de 0.61% do IPCA de abril para os 0.51% de hoje”, analisa o economista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez, Rafael Costa.
Por sua vez, a confiança do consumidor no Brasil subiu em maio a seu maior patamar em sete meses, informou a FGV, destacando melhora na percepção das famílias sobre os próximos meses.
O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) subiu 1,4 ponto em maio, para 88,2 pontos, máxima desde outubro de 2022 (88,6).
Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar um pacote de medidas para impulsionar a produção de carros populares e facilitar o acesso da população a veículos novos no Brasil.
As iniciativas serão anunciadas em evento no Palácio do Planalto com a presença de Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), com representante do setor automotivo. “Na reunião, Lula e Alckmin anunciarão medidas de curto prazo para ampliar o acesso da população a carros novos e alavancar a cadeia produtiva ligada ao setor automotivo brasileiro. O encontro contará com a presença de ministros e representantes de trabalhadores e fabricantes da indústria automotiva”, informa texto divulgado pelo governo.
Os investidores também acompanham os desdobramentos da tramitação do arcabouço fiscal.
A Câmara dos Deputados encerrou a votação na noite desta quarta-feira das emendas ao arcabouço fiscal, projeto prioritário para o governo que segue agora ao Senado, em vitória creditada não apenas ao governo, mas também ao capital político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e à capacidade de articulação política do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Deputados rejeitaram as quatro emendas destacadas para votação separada nesta quarta, que poderiam alterar o texto principal aprovado na véspera por uma boa margem de votos favoráveis — 372 votos “sim”, bem acima do mínimo de 257, contra 108 contrários. Assim, não houve alteração do texto.
Mercado internacional
No cenário internacional, os investidores estão reagindo à classificação negativa da agência de crédito Fitch em relação ao impasse do teto de dívida dos Estados Unidos. A agência de classificação de risco Fitch colocou nesta quarta-feira (24) uma perspectiva negativa para a nota de crédito dos EUA, que é “AAA”, citando crescentes disputas políticas em torno do teto de dívida do país.
O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, e representantes republicanos no Congresso estão em um impasse sobre o aumento do teto da dívida federal de 31,4 trilhões de dólares, à medida que ambos os lados consideram as propostas um do outro como muito extremas.
A agência disse que a nota de crédito do país pode ser rebaixada caso os EUA não elevem ou suspendam o limite de endividamento dentro do prazo. No entanto, a Fitch acrescentou que as chances dos EUA não pagarem as dívidas no prazo são muito baixas.
Na quarta-feira (24),após uma reunião de quatro horas na Casa Branca, o líder dos Republicanos no Congresso, Kevin McCarthy, disse que as negociações melhoraram e continuariam durante a noite. Ele previu que os dois lados chegariam a um acordo, embora várias questões ainda precisassem ser resolvidas. “Fizemos alguns progressos trabalhando lá. Então é muito positivo. Quero garantir que tenhamos o acordo certo. Posso ver que estamos trabalhando para isso.”
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A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que as negociações permanecem frutíferas. “Se continuarem em boa fé, podemos chegar a um acordo.”
O mercado também está atento aos dados macroeconômicos da maior economia do mundo. O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou moderadamente na semana passada e os dados da semana anterior foram revisados para baixo, sugerindo força persistente do mercado de trabalho.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 4.000 na semana encerrada em 20 de maio, para 229.000 em dado com ajuste sazonal, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira.
Economistas esperam que as demissões aumentem à medida que os efeitos dos aumentos punitivos dos juros se espalharem pela economia e o aperto das condições financeiras dificulte o acesso ao crédito para as pequenas empresas. A maioria espera uma recessão leve na segunda metade do ano.
A ata da reunião de política monetária do Fed de 2 a 3 de maio, publicada na quarta-feira, mostrou que, embora “os participantes tenham notado que o mercado de trabalho permaneceu muito apertado”, eles “previram que o crescimento do emprego provavelmente diminuirá ainda mais, refletindo uma moderação na demanda agregada decorrente em parte das condições de crédito mais apertadas”.
O Produto Interno Bruto aumentou a uma taxa anualizada de 1,3% no último trimestre, disse o governo em sua segunda estimativa sobre o PIB no primeiro trimestre. Isso foi revisado em relação ao ritmo de 1,1% relatado no mês passado.
Confira o comportamento dos principais índices internacionais:
O impasse sobre o teto da dívida dos Estados Unidos está influenciando negativamente os índices internacionais.
Estados Unidos:
- Dow Jones: -0,77%
- S&P 500: -0,73%
- Nasdaq: -0,61%
Europa:
- FTSE100 (Londres): -0,24%
- CAC 40 (Paris): -0,01%
Ásia:
- Nikkei (Tóquio): +0,39%
- Xangai (China): -0,11%
- Kospi (Coreia): -0,50%
(Com Reuters)