A inflação da zona do euro pode superar até mesmo as previsões recentemente elevadas, de modo que o Banco Central Europeu deve errar ao aumentar demais os juros para conter o crescimento dos preços, em vez de interromper as altas cedo demais, disseram autoridades do BCE nesta segunda-feira (19).
O BCE elevou os juros em quatro pontos percentuais combinados no ano passado para conter um aumento histórico da inflação, mas disse que provavelmente aumentará novamente em julho, depois que suas novas previsões colocam o crescimento dos preços acima da meta de 2% até 2025.
“Precisamos permanecer altamente dependentes de dados e errar pelo lado de fazer muito, em vez pelo de fazer pouco”, disse Isabel Schnabel, membro do conselho do BCE, uma autoridade “hawkish” (agressiva contra a inflação), em um discurso.
“Os riscos de uma desancoragem das expectativas de inflação e uma transmissão mais fraca da política monetária sugerem que há um limite para quanto tempo a inflação pode ficar acima da nossa meta de 2%”, acrescentou.
O medo é que, se o BCE não conseguir erradicar a inflação agora, ela possa se entrincheirar na economia, forçando a política monetária a permanecer rígida por ainda mais tempo, causando dificuldades para os consumidores da zona do euro além do que seria necessário.
O chefe do banco central eslovaco, Peter Kazimir, outra autoridade hawkish, que costuma ficar do lado de Schnabel, fez declarações semelhantes nesta segunda-feira.
“A continuação do aperto da política monetária é o único caminho razoável a seguir”, disse Kazimir em um post de blog. “Não fazer o que é necessário representa um risco muito mais significativo do que o risco de apertar demais.”
Leia Mais:
- BCE eleva juros para máxima em 22 anos mesmo com economia fraca
- BCE eleva projeções de inflação até 2025
- Autoridades do BCE prometem mais aumentos de juros para vencer a inflação
Os comentários iniciam o debate sobre a política monetária em um momento em que a inflação está desacelerando rapidamente, mas o rápido crescimento nominal dos salários e a demanda robusta por serviços ameaçam desacelerar ou até mesmo reverter a desinflação.
Autoridades menos agressivas argumentam que as altas rápidas dos juros ainda não conseguiram se manifestar na economia e os custos de financiamento mais altos, combinados com o crescimento anêmico, vão naturalmente esfriar o crescimento dos preços.
Mas Schnabel disse que aumentos excessivos de juros podem ser revertidos rapidamente, então o risco é “comparativamente pequeno”, já que uma inflação arraigada significaria impacto econômico prolongado.