A Eletrobras retomou sua competitividade nos leilões de transmissão de energia, um de seus principais segmentos de negócio, e poderá participar sozinha ou com parcerias do próximo certame, previsto para dezembro, disse à Reuters o CEO, Wilson Ferreira Júnior.
Segundo o executivo, a elétrica deu mostras do seu “novo momento” no certame desta sexta-feira (30). Embora só tenha vencido um lote, a companhia ofereceu lances para todos os nove lotes do leilão e foi classificada para disputa a viva voz em três deles.
“A companhia pôde já sentir a importância dessa nova estrutura organizacional, com a presença de pessoas do mercado… É um time que se juntou há dois meses só, mas já produziu bastante resultado”, disse Ferreira Júnior.
Ele destacou que a companhia pretende participar de todas as licitações de transmissão e que se prepara para a próxima, prevista agora para dezembro, inclusive analisando potenciais parcerias.
“Existem condições, às vezes de equipamentos, que possam permitir que uma parceria seja melhor do que ir sozinho… Pode ser conveniente em determinados projetos, é algo que vamos olhar com atenção para o próximo leilão, os lotes serão maiores”.
O próximo leilão deverá ser o maior da história do segmento, com projetos que exigirão investimentos totais da ordem de 20 bilhões de reais. O principal é um linhão em corrente contínua atravessando três Estados (Maranhão, Tocantins e Goiás).
Para o CEO da Eletrobras, a decisão do governo de adiar o certame, anteriormente marcado para outubro, foi acertada, uma vez que endereça possíveis problemas que poderiam surgir na cadeia de fornecedores caso os leilões fossem realizados com um espaço de poucos meses de diferença.
“Se tivéssemos logo na sequência, poderíamos ter sim um gargalo… Nesse cronograma, acho que para todos é melhor, porque elimina esse risco de suprimento de materiais.”
Ferreira Júnior ressaltou ainda que a companhia continua avaliando fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no setor de transmissão. Como exemplo, citou o caso do linhão de transmissão Manaus-Boa Vista.
“Devemos crescer naquele empreendimento, diluindo a Alupar… E temos sociedades com a Alupar em outros projetos que vão poder, ao final desse projeto grande, viabilizar descruzamento (de participações)”.
A companhia está finalizando seu plano de negócios e a assunção do controle do linhão Manaus-Boa Vista poderá ocorrer “muito rapidamente”, disse Ferreira Júnior, considerando os elevados aportes que deverão ser feitos para destravar as obras.