A finlandesa Nokia cortou nesta sexta-feira (14) sua previsão anual de vendas e a rival sueca Ericsson relatou lucros trimestrais em queda, à medida que a desaceleração nos gastos do consumidor atinge as vendas de equipamentos de telecomunicações.
As ações da Nokia caíram 9,6% nas negociações matinais, para o nível mais baixo desde abril de 2021, enquanto as ações da Ericsson caíram 8,7%.
O medo de uma recessão iminente forçou as empresas de telecomunicações a cortar orçamentos e adiar atualizações de dispositivos e planos de digitalização, retardando os planos de empresas como Nokia e Ericsson de expandir redes 5G e conexões de banda larga.
A contenção de gastos dos consumidores também forçou várias grandes empresas de telecomunicações a cortar custos e demitir funcionários. Em maio, a Vodafone anunciou planos para cortar 11 mil empregos em todo o mundo, enquanto a BT disse que reduziria o número de funcionários em 55 mil até 2030.
“As empresas pensaram que a demanda aumentaria na segunda metade do ano, principalmente na América do Norte, mas agora parece cada vez mais claro que será adiada para 2024”, disse Kimmo Stenvall, analista da OP Markets, à Reuters.
Em fevereiro, a Ericsson anunciou planos de cortar 8.500 funcionários globalmente para reduzir custos. Na sexta-feira, a empresa disse que o impacto dessa atividade de corte de custos será “cada vez mais visível” nos próximos trimestres.
A Nokia reportou vendas no segundo trimestre de 5,7 bilhões de euros, abaixo dos 6 bilhões esperados pelos analistas consultados pela Refinitiv.
A Nokia disse que agora espera vendas de 23,2 bilhões a 24,6 bilhões de euros em 2023, reduzindo uma previsão anterior de 24,6 bilhões a 26,2 bilhões de euros.
A fraqueza na infraestrutura de rede da Nokia e nos negócios de redes móveis também levou a empresa a reduzir sua perspectiva de margem operacional comparável de 11,5%-14% para 11,5%-13%.
A Ericsson reportou uma queda de 62% no lucro operacional ajustado do segundo trimestre, ligeiramente acima das expectativas do mercado.
O declínio foi impulsionado por uma desaceleração nos gastos entre os clientes das operadoras, principalmente na América do Norte, embora a empresa tenha dito que isso foi parcialmente compensado pelo crescimento na Índia.
Os lucros operacionais da fabricante sueca de equipamentos de telecomunicações, excluindo custos de reestruturação, caíram para 2,8 bilhões de coroas suecas (US$ 271 milhões), ante 7,4 bilhões no ano anterior.
Citando a crescente demanda por 5G, o presidente-executivo da Ericsson, Börje Ekholm, previu que o mercado passará por uma “recuperação gradual” no final de 2023 e melhoraria em 2024.
As vendas líquidas aumentaram 3%, para 64,4 bilhões de coroas suecas, e superaram os 63,9 bilhões esperados pelos analistas, mostraram dados da Refinitiv.
A margem bruta reportada pela Ericsson no segundo trimestre caiu para 37,4%, ante 38,6% no trimestre anterior.
Richard Webb, analista da CSS Insight, disse que os ganhos trimestrais da empresa foram “ok, mas não excelentes”.