O Banco Central Europeu (BCE) elevou as taxas de juros pela nona vez consecutiva nesta quinta-feira (27) e manteve a porta aberta para novo aperto monetário, à medida que a inflação e o risco crescente de recessão colocam as autoridades em direções opostas.
Lutando contra um aumento histórico nos preços, o BCE elevou os custos dos empréstimos em um total de 425 pontos-base desde julho passado, preocupado que o crescimento excessivo dos preços possa ser perpetuado por meio de aumentos salariais, já que o mercado de trabalho permanece excepcionalmente apertado.
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Com o movimento de 25 pontos-base desta quinta-feira, a taxa de depósito do BCE está em 3,75%, o nível mais alto desde 2000, antes mesmo de as notas e moedas de euro terem sido colocadas em circulação. A principal taxa de refinanciamento foi fixada em 4,25%.
“Decisões futuras garantirão que as taxas de juros do BCE sejam estabelecidas em níveis suficientemente restritivos pelo tempo necessário para alcançar um retorno oportuno da inflação à meta de médio prazo de 2%”, afirmou o BCE em comunicado.
Mas o comunicado do BCE retirou uma referência de que as taxas precisam ser “levadas” a um nível que reduza a inflação com rapidez suficiente, uma mudança sutil que pode ser vista como um sinal de que novos aumentos não são garantidos.
Isso deixará os investidores se perguntando se outro aumento de juros está chegando ou se julho marca o fim do aperto monetário mais rápido de todos os tempos do BCE.
No entanto, está cada vez mais claro que o fim dos aumentos de juros está se aproximando rapidamente, com as autoridades debatendo se é necessário mais um pequeno movimento antes que as taxas sejam mantidas estáveis pelo que alguns acham que será um longo período de tempo.
“O Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente de dados para determinar o nível apropriado e a duração da restrição”, acrescentou o BCE.
O problema do BCE é que a inflação está caindo muito lentamente e pode levar até 2025 para recuar a 2%, já que um aumento de preço inicialmente impulsionado pela energia se infiltrou na economia em geral e alimentando o custo dos serviços.
Embora a inflação geral esteja agora apenas na metade do pico de outubro, o aumento dos preços subjacentes está pairando perto de máximas históricas e pode até ter acelerado este mês.
O mercado de trabalho também está excepcionalmente apertado, com o desemprego em baixa recorde aumentando o risco de que os salários subam rapidamente nos próximos anos, à medida que os sindicatos usam seu maior poder de barganha para recuperar a renda real perdida pela inflação.
É por isso que muitos investidores e analistas estão esperando que o BCE puxe o gatilho novamente em setembro e pare apenas se os dados salariais do outono fornecerem alívio.