O dólar à vista registrou queda firme ante o real nesta segunda-feira (24), em sintonia com o recuo da moeda norte-americana ante as demais divisas de países exportadores de commodities e com as cotações perdendo suporte técnico importante no Brasil, encerrando no menor patamar em 15 meses.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,7328, com baixa de 0,98%. Esta é a menor cotação de fechamento para a moeda dos EUA desde 20 de abril de 2022, quando estava em R$ 4,6186.
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Na B3, às 17:20 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,00%, a R$ 4,7395.
No início da sessão, o dólar chegou a oscilar no território positivo no Brasil, mas rapidamente migrou para o negativo, acompanhando o movimento externo. O dia no exterior foi de certo otimismo, com os índices de ações sustentando leves ganhos nos EUA e o dólar em queda ante divisas mais fracas.
Internamente, o movimento foi amplificado pela disparada de ordens de venda quando o dólar atingiu certos patamares técnicos, conforme profissionais ouvidos pela Reuters.
“O dólar ficou oscilando entre R$ 4,75 e R$ 4,80 por cerca de 30 dias, mas este nível está ficando para trás, porque a tendência é de baixa”, comentou José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos. “Ele está voltando para a mínima do ano passado, que é perto deR$ 4,65. Precisamos ver se conseguirá superar este novo patamar”, acrescentou.
Um operador afirmou à Reuters que houve impulso adicional de queda, com ordens de stop (parada de perdas) sendo disparadas, quando o dólar para agosto – o vencimento mais próximo entre os contratos futuros – se aproximou dos R$ 4,740 nesta segunda-feira (24).
“O câmbio ficou muito tempo ensaiando a perda dos R$ 4,80”, pontuou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM.
Segundo ele, a divisa à vista finalmente rompeu este patamar em sintonia com o exterior, onde há uma leitura “cada vez mais consolidada que caminhamos para o fim do ciclo de aperto monetário nos EUA e na Europa”.
Na mínima da sessão, registrada às 12h25, o dólar à vista foi cotado a R$ 4,7240 (-1,17%). Depois disso, a divisa se recuperou um pouco, mas ainda fechou com queda firme.
Como pano de fundo para o movimento desta segunda-feira (24), a crise relacionada ao transporte de grãos no Mar Morto, que envolve Ucrânia e Rússia, está longe de terminar. Este fator, somado à seca nos EUA que afeta commodities como milho e soja – produtos de exportação do Brasil -, tem dado suporte aos preços das commodities agrícolas, o que favorece divisas como o real, em detrimento do dólar.
Nesta segunda-feira (24), a Rússia destruiu armazéns de grãos ucranianos no rio Danúbio, em um ataque de drones.
Além disso, investidores no Brasil aguardam pela divulgação na terça-feira (25) do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de julho e pela decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira (26).
No fim da tarde, o dólar se mantinha em queda ante boa parte das divisas de exportadores de commodities, mas subia ante uma cesta de moedas, após o euro ser penalizado por números industriais ruins.
Às 17:20 (de Brasília), o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,30%, a 101,390.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de setembro.