A Supply Change Capital, liderada por latinos nos EUA e que investe em empresas de tecnologia de alimentos em estágio inicial e de alto crescimento – e de marcas que priorizam a cultura –, fechou nesta semana um fundo inaugural de US$ 40 milhões (R$ 190 milhões na cotação atual) que inclui três gigantes do mercado: a General MillsGIS 301 INC, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo (no Brasil é dona da Yoki, Kitano e Häagen-Dazs), a MassMutual (Massachusetts Mutual Life Insurance Company), uma companhia de seguros, e a J.P. Morgan Asset Management, uma das líderes globais de serviços financeiros. O objetivo da criação do novo fundo é investir em empresas de tecnologia alimentar em estágio inicial, predominantemente as agtechs que sustentem um sistema mais resiliente.
“A Supply Change Capital representa o futuro dos alimentos e da indústria de risco”, disse Johnny Tran, diretor-gerente da General MillsGIS 301 INC. “Como uma gestora de investimento líder em empresas de tecnologia de alimentos e agricultura em estágio inicial, a Supply Change Capital tem um pulso nas mudanças culturais, demográficas e de sustentabilidade necessárias para inaugurar a próxima onda de inovações revolucionárias para nossa indústria”, completou.
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Fundada em 2020 por duas veteranas da indústria, Noramay Cadena e Shayna Harris, que se conheceram em 2009 na MIT Sloan School of Management, uma das cinco faculdades do Massachusetts Institute of Technology, depois de descobrir tendências negligenciadas e sub investidas na indústria de alimentos, a Supply Change Capital girou sua tese sobre sustentabilidade, saúde e diversidade, implantando mais de US$ 13 milhões (cerca de R$ 110 milhões) em 15 negócios até agora, desde 2021.
Entre eles estão a Aqua Cultured Foods, um fornecedor alternativo de frutos do mar que utiliza técnicas de fermentação; a Michroma, fornecedora de ingredientes naturais à base de fungos; a marca anti-alérgica Partake Foods; assim como a Agua Bonita, uma bebida sem açúcar à base de frutas que seriam descartadas.
“Do nosso conjunto interseccional de investidores ao nosso portfólio robusto, estabelecemos uma plataforma de empresa de risco que pode durar e prosperar”, disse Noramay Cadena.
“Em última análise, cada LP ( limited partnership), fundador e parte interessada em nossa comunidade entende a mesma coisa que nós: estamos à beira de uma mudança transformadora na interseção de alimentos, cultura e tecnologia. Com 40 anos de experiência combinada em operação e investimento, seremos a equipe que liderará os investimentos nessa evolução para um sistema alimentar mais inclusivo e sustentável”, completou Cadena.
Vale registrar que Cadena está entre os únicos 2% dos capitalistas de risco nos EUA que são latinas/latinos, de acordo com dados do LatinxVC, e entre as 16,1% das mulheres que tomam decisões no mundo do VC (venture capital), como mostra o PitchBook. A estreia do Supply Change Capital ocorre em um momento em que menos de 1% do capital implantado pelas maiores empresas de VC e private equity foi para empresas lideradas por latinos, revelou um estudo recente da Bain & Company.
Navegando nas tendências em evolução no sistema alimentar
Com 80% de seu portfólio atualmente liderado por latinos, negros, mulheres e outros fundadores, a equipe da Supply Change Capital acredita que seu ethos de investimento ressoa com a evolução demográfica e a mudança no comportamento do consumidor no mercado.
Harris enfatizou: “A indústria de alimentos é responsável por um terço das emissões climáticas. Cidadãos multiculturais respondem por quase todo o crescimento populacional dos EUA; em 2050 não haverá mais uma ‘minoria’ nos EUA.” Ela acrescentou como a inovação é necessária em alimentos e agropecuária e é ainda mais crítica à medida que a demografia muda e o meio ambiente exige novas soluções.
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“Somente neste ano, vimos notícias empolgantes da indústria, desde o IPO da Cava (marca de culinária mediterrânea) até a aquisição da Mercaris (plataforma de compra e venda de commodities orgânicas), e a aprovação da FDA para a venda de frangos criados em laboratório nos EUA. Acreditamos que a Fortune 500 continuará adquirindo inovação, dado o ritmo crescente necessário para gerenciar riscos, cadeias de suprimentos preparadas para o futuro e conquistar novos mercados”, disse Harris.
A Supply Change Capital pretende investir em 25 empresas de seu primeiro fundo e fez 15 investimentos até agora, incluindo dois no início deste ano. Enquanto a empresa continua avaliando negócios, ela diz que startups em potencial precisam ter um plano de negócios claro e um caminho para a lucratividade.
“Estamos focados nos fundamentos. Investimos em startups que possuem uma equipe estelar, estão abordando um problema real em um grande mercado e onde vemos um caminho para um negócio lucrativo”, disse Harris. “É um momento empolgante para investir no estágio pré-seed e seed, e sabemos que o mercado voltará para que as empresas com fundamentos sólidos tenham sucesso”, completou.
* Douglas Yu é colaborador da Forbes EUA, além da NPR Marketplace, Bloomberg Radio e The Washington Post. (tradução: ForbesAgro)