A Vibra e a Comerc Energia lançaram nesta terça-feira uma mesa de negociação de créditos de carbono e certificados de energia renovável, de olho em um mercado em amadurecimento que deve movimentar volumes crescentes conforme as empresas se aproximam do horizonte de 2030 para cumprimento de suas metas de descarbonização.
A mesa recém-lançada vai comprar e vender créditos de projetos sustentáveis, sejam eles próprios — como os de geração de energia renovável da Comerc, empresa da qual a Vibra detém 50% do capital — ou de terceiros e de outros tipos, como ligados a florestas, que serão selecionados através de curadoria.
A ideia é fornecer alternativas para que as empresas possam neutralizar suas emissões de gases do efeito estufa e acelerar a descarbonização de seus processos produtivos.
As parceiras não divulgaram projeções para volumes a serem negociados ou receitas relacionadas à mesa de trading, mas executivos das companhias reiteraram a expectativa de forte crescimento desse mercado no Brasil nos próximos anos, sobretudo se houver regulamentação.
Apesar do potencial brasileiro para emissão de créditos de carbono, o país ainda opera com base em um mercado voluntário para as iniciativas de descarbonização, sem imposições legais para que as empresas compensem ou mitiguem suas emissões. A exceção são dos CBios, títulos emitidos por produtores de biocombustíveis que as distribuidoras precisam comprar para compensar as vendas de combustíveis fósseis.
Segundo Thiago Natacci, diretor de comercialização de energia e carbono da Comerc, estudos do Banco Mundial mostram que o mercado voluntário mundial de créditos de carbono movimenta entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de dólares por ano, muito abaixo do regulado, no qual as cifras chegam a 95 bilhões de dólares.
“Ainda é cedo para falar (em volumes no Brasil), estamos muito otimistas com esse mercado. Ele está mudado, evoluindo e aumentando a cada dia”, afirmou André Dorf, co-CEO da Comerc.
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Ernesto Pousada, CEO da Vibra, disse que a plataforma explorará importantes sinergias entre a maior distribuidora de combustíveis do Brasil, que entra com uma enorme base de ativos e clientes, e a parceira Comerc, que vai operacionalizar o negócio.
“É uma oferta adicional, (crédito de carbono) é super relevante para multinacionais, nós temos diversos clientes multinacionais, essa mesa vai pode ter mais uma oferta para esse cliente”, disse Pousada.
A expectativa é que os volumes negociados no Brasil cresçam à medida que se aproxima 2030, data em que várias empresas se comprometeram a atingir o “net zero”, destacou Cristopher Vlavianos, co-CEO e fundador da Comerc.
Segundo Vlavianos, hoje muitas empresas estão preocupadas em reduzir suas emissões de escopo 1 (relacionadas à atividade “core”) e escopo 2 (consumo de eletricidade), e não dando tanta atenção para o escopo 3, que envolve as emissões indiretas que ocorrem ao longo da cadeia produtiva.
“A hora que essas empresas começaram a ter que se preocupar com o escopo 3… esse mercado tem uma tendência a crescer muito rápido. É dentro desse contexto que estamos buscando antecipar essa mesa de carbono”, afirmou Vlavianos.
Em relação à regulamentação no Brasil, os executivos lembraram que já existem três projetos de lei sobre o tema que hoje tramitam no Congresso, e que o governo ainda pretende apresentar um projeto próprio.
A sensação é que a agenda deve avançar, principalmente diante dos esforços do Brasil de se projetar novamente como uma potência verde, avaliaram.