A WeWork alertou sobre uma possível falência, em uma impressionante reversão da sorte do provedor de espaço de trabalho compartilhado que, há quatro anos, era uma das startups mais apreciadas do mundo, com um valor de mercado de US$ 47 bilhões.
A empresa, que tem entre seus investidores o SoftBank e valia apenas US$ 446,8 milhões no último fechamento, está em crise desde que entrou com a papelada para um IPO (oferta inicial de ações) em 2019, quando os investidores apontaram problemas de governança envolvendo seu então fundador e presidente-executivo, Adam Neumann.
A empresa abriu o capital em 2021 em operação envolvendo uma Companhia com Propósito Especial de Aquisição (SPAC, na sigla em inglês) após abandonar seus planos de IPO, mas as dificuldades continuaram, pois os investidores duvidaram de seu modelo de negócios e os clientes passaram a trabalhar de forma híbrida desde a pandemia.
O modelo de negócios da WeWork envolve fazer locações de longo prazo e alugar espaços por um curto prazo.
“Cada vez menos empresas, desde empresas maduras de grande capitalização até startups, estão dispostas a fazer aluguéis de longo prazo para espaços geograficamente fixos”, disse o presidente-executivo interino, David Tolley, em uma teleconferência com investidores nesta quarta-feira.
A empresa pode precisar considerar opções estratégicas, incluindo levantar mais dinheiro ou obter alívio sob o Código de Falências dos EUA, disse na terça-feira (8).
Em março, a WeWork chegou a um acordo para reduzir a dívida em cerca de US$ 1,5 bilhão e estender a data de alguns vencimentos para economizar dinheiro.
A empresa ainda não obteve lucro e foi citada como um exemplo de avaliações superinfladas comandadas por empresas de tecnologia apoiadas por investidores do Vale do Silício.
“A WeWork foi talvez a startup mais ‘overhyped’ dos últimos anos”, disse Steve Clayton, chefe de fundos de ações da Hargreaves Lansdown.
A empresa fechou escritórios e cortou empregos em uma tentativa de recuperação, mas a saída de seu presidente-executivo e diretor financeiro no início deste ano complicou os esforços. A busca por um novo CEO está em andamento, disse a WeWork na terça-feira.
Suas ações desabavam 36%, para uma mínima recorde de 0,13 dólar nesta quarta-feira (9), depois de anunciar que três membros do conselho deixariam o cargo.
Os cortes de custos, no entanto, a ajudaram a registrar um prejuízo líquido menor, de US$ 349 milhões no segundo trimestre, ante US$ 577 milhões no ano anterior.
Mas a companhia queimou US$ 646 milhões em caixa nos primeiros seis meses de 2023 e tinha US$ 205 milhões em mãos no final de junho.
A WeWork disse que planeja aumentar a liquidez cortando custos de aluguel e locação, controlando despesas e reduzindo a rotatividade de membros.