A CSN está produzindo aço em ritmo maior desde julho, após um primeiro semestre em que enfrentou problemas operacionais em sua usina no Rio de Janeiro, e espera conseguir manter os preços da liga no mercado interno no curto prazo, apesar do forte aumento das importações no Brasil.
Porém, como a empresa está vendo uma tendência de alta nos preços do aço na China nos próximos meses, a companhia vai avaliar um eventual aumento no Brasil em setembro, disse nesta quinta-feira (3) o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, em conferência com analistas.
“Vamos lutar muito para ter estabilidade de preços e, dependendo do que acontecer na China, poderemos pensar em realinhamento de preços no Brasil para setembro”, disse Martinez. “Chegamos a ter margem de US$ 500 por tonelada e hoje caiu muito. Vamos ter que puxar (o crescimento de margem) de alguma maneira com redução de custos e tentar recuperar um pouco com o preço”, acrescentou.
Segundo o executivo, a tendência de alta nos preços de aço da China decorre de uma previsão de produção menor no segundo semestre por preocupações ambientais, siderúrgicas locais com margens negativas diante dos preços baixos da liga e pacote de estímulo econômico do governo.
Por volta de 14h45, as ações da CSN exibiam recuo de 1,65%, entre as maiores quedas do Ibovespa, que subia 0,3%.
A companhia divulgou na noite da véspera queda de 23% no lucro líquido sobre um ano antes, pressionada por preços baixos de aço e minério de ferro e produção menor de aço, enquanto o segmento de cimento viu queda de margem também por preços internos “em recuperação”.
IPO em cimentos?
A operação de cimento da CSN viu a margem desabar de 34,2% no segundo trimestre do ano passado para 19,6% no mesmo período deste ano. Mas diante de fatores que incluem captura de sinergias derivadas da aquisição dos ativos da LafargeHolcim a empresa espera chegar a entre 25% e 30% nos próximos trimestres.
A área de cimentos está há anos nos planos da CSN para um IPO, e uma eventual operação do tipo poderia ajudar a frear o momento de elevação da alavancagem do grupo, que alcançou 2,78 vezes ao final de junho ante 1,31 vez um ano antes. A meta da companhia em 2023 é ter relação dívida líquida sobre Ebitda de 1,75 a 1,95 vez.
O diretor financeiro da CSN, Marcelo Cunha Ribeiro, afirmou que o IPO, se realizado, tem potencial para reduzir o endividamento em R$ 3 bilhões e que a entrada de eventual sócio nas operações de energia elétrica do grupo poderá reduzir a alavancagem em outros R$ 3 bilhões.
“Temos tido conversas bastante interessantes (sobre parceria em energia), mas não temos pressa”, afirmou Ribeiro, citando, porém, que uma decisão sobre um sócio para o negócio pode ocorrer “até o final do ano”.
Enquanto isso não acontece, a CSN vai reduzir para R$ 1 bilhão o pagamento de dividendos no segundo semestre em relação aos valores “extraordinários” pagos nos últimos trimestres, disse Ribeiro.
“O plano é retornar a este nível anterior. Vai melhorar o fluxo de caixa, o que vai ajudar na redução da alavancagem, junto com potencial parceria em energia e IPO em cimentos”, afirmou sem dar detalhes sobre prazos.