O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira ser favorável à taxação de fundos exclusivos e de investimentos no exterior, e defendeu uma alíquota de 10% para os investimentos offshore.
“Sobre a arrecadação de super ricos, sou a favor. Sou a favor de arrecadação com fundos exclusivos, sou a favor da arrecadação com offshore”, disse em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
Segundo ele, o governo anterior chegou a discutir um projeto sobre taxação de fundos offshore e que ele, pessoalmente, achava que a alíquota tinha que ser mais alta.
“Eu pedi que fosse 10%, achei que era razoável, voltou com 6%, eu acho baixo, acho que tem que taxar mais”, afirmou, ponderando que o tema envolve preocupação com uma possível erosão de base arrecadatória.
Questionado por parlamentares, Campos Neto disse ainda que seus investimentos pessoais em fundos “offshore” foram declarados desde o primeiro dia em que foi para o BC.
Leia também:
- O governo quer tributar fundos exclusivos. Vai funcionar?
- O império offshore dirigido pelo irmão mais velho de Gautam Adani
- 5 passos para abrir uma conta offshore
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em agosto medida provisória para instituir tributação periódica sobre os rendimentos de fundos exclusivos de investimento.
A medida foi preparada pela equipe econômica para compensar a redução de arrecadação decorrente da correção da tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física.
Na ocasião, Lula também assinou um projeto de lei sobre tributação de fundos offshore. Pela proposta, a pessoa física com renda no exterior de até 6.000 reais por ano estará isenta. O rendimento entre 6.000 reais e 50.000 reais por ano ficará sujeita a uma alíquota de 15%, enquanto a renda superior a 50.000 terá cobrança de 22,5%.
Atualmente, a tributação da renda destes ativos ocorre somente quando a pessoa física controladora no Brasil recebe os rendimentos.
Também respondendo a uma pergunta de deputado, ele disse que a diretoria do Banco Central se questiona sobre qual seria o número ideal de reuniões fechadas que deve manter com representantes do mercado, ressaltando que bancos centrais no mundo têm abordagens diferentes sobre o tema.