Por muito tempo na minha vida, achei que sonhar era bom. É tão normal ver as pessoas falando sobre sonhos – a vida dos sonhos, o carro dos sonhos, a casa dos sonhos, o emprego dos sonhos… quem nunca ouviu ou disse algo assim? Ontem realizei um desses “sonhos”. E percebi que só consegui realizá-lo porque parei de enxergar como um sonho e passei a ver como um objetivo.
Como uma esquisita de nascença, eu não fui a adolescente “normal”. Não saía para festinhas toda semana porque escolhi trabalhar cedo, assim como não encontrava os amigos depois da aula, porque já saía da escola para me empenhar no meu negócio. Além disso, não era tão fã de artistas da cultura pop, mas sim de filósofos. Se eu encontrasse na rua um mega artista atual, talvez achasse legal e até pedisse uma foto, mas se eu encontrasse Aristóteles teria um piripaque nervoso.
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Me apaixonei por filosofia aos 14 anos de idade, e desde então era e sou fã do Cortella. Sei as palestras de cor, algo que o Luan achou engraçado quando fomos em uma palestra presencial dele pela primeira vez. Eu ficava animada e cutucava ele para falar: “olha amor, agora ele vai contar a história do tomate cereja no macarrão e falar sobre capricho.” Eu devorei e consumi tantos conteúdos dele e de outros filósofos que me tornei uma pessoa apaixonada pelo pensamento de cada um.
Até meus vinte anos, pensar em conhecer o Cortella era um sonho. Por ser amiga de seu filho, Pedro, acabei o conhecendo nessa palestra presencial e não consegui falar o que eu queria, que era discutir filosofia e saber sua opinião sobre a geração que está vindo, dos jovens digitais. O que eu consegui naquele dia foi dar três gritinhos e dizer “eu te amo”. Puts. Eu nem falei que ele me inspirou a estudar filosofia todos esses anos, que foi através de muitos dos seus pensamentos que consegui forças para lidar com questões emocionais… tratei aquele momento como um sonho.
Conforme fui amadurecendo e conhecendo pessoas que antes eram “ídolos”, comecei a perceber que no fim somos a mesma coisa: só seres humanos. Somos pessoas com nossas falhas, inseguranças, incertezas, dificuldades e habilidades. Tudo o que qualquer pessoa é, por maior que ela seja em termos de reconhecimento, é isso: uma pessoa.
Foquei então em me desenvolver, pessoal e profissionalmente. Como diria o próprio Cortella, “fazer o meu melhor, nas condições que eu tenho, para depois fazer melhor ainda”. Parei de olhar para o lado e foquei em ser a melhor dentro das minhas circunstâncias. Parei de me comparar com a concorrência e tomei como norte a premissa de que eu preciso fazer o que eu acredito que é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo a mesma coisa.
Ontem eu conversei com o Cortella. Talvez mais do que isso. Gravei um projeto com ele no qual discutimos filosoficamente a geração ponto.com, a dos jovens digitais, e pensamos juntos, com nossas diferenças, em formas de guiar melhor a vida desses jovens, para que vivam com mais intensidade e tenham uma vida com mais sentido. Não realizei um sonho, cumpri um objetivo, que demorou 10 anos para acontecer, mas aconteceu.
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A moral da história aqui, para você, empreendedor, é que você precisa parar de ter sonhos e começar a ter objetivos. Têm objetivos na nossa vida que demorarão uma década, como esse, outros talvez muito mais do que isso, mas só quando mudamos essa percepção é que conseguimos realizá-los.
Quando temos sonhos, nos distanciamos da ação e depositamos o futuro nas mãos do acaso ou destino. As coisas não acontecem na intenção, só na ação. É o que você faz que te aproximará ou distanciará de onde você quer chegar. Talvez seja uma conquista material, talvez algo mais subjetivo como é o meu caso, mas o caminho é o mesmo.
Enquanto você tiver sonhos, jamais irá realizá-los porque não terá um plano claro do que precisa ser feito para chegar lá. Objetivos são feitos para serem atingidos através das atitudes cotidianas, precisam de planejamento e execução, e é exatamente disso que você precisa também.
Nada está fora do seu alcance. Talvez seja apenas um objetivo mais desafiador, que demore mais tempo para acontecer, mas sua parte você precisará fazer de qualquer jeito.
O que quero que você faça agora, então, é se perguntar:
Como eu posso traçar um plano para realizar esse objetivo que tanto desejo alcançar? Que renúncias terei que fazer? Que atitudes preciso tomar?
Talvez seu sonho seja atingir uma meta de faturamento no seu negócio. Pois bem, se esse número for um sonho, será bem mais difícil de você atingí-lo, mas, se for uma meta, você precisa fazer o caminho inverso e desenhar uma estratégia que te leve a ele. Quanto você precisará vender? Que estrutura precisará contratar? Quanto tempo terá que persistir? Qual é a sua realidade atual? O que você pode fazer HOJE para estar mais perto dele?
Muitas vezes você se esquiva dessas perguntas porque duvida do próprio potencial, mas lembre-se: nenhum de nós é nada além de um ser humano, com suas complexidades e limitações, habilidades e potências. Como Steve Jobs disse uma vez em uma entrevista: “Tudo no mundo foi construído por pessoas que não são mais inteligentes do que você.”
A partir do momento que você vira essa chave de pensamento na sua cabeça, e começa a enxergar seus sonhos como metas, fica bem mais claro o que precisa fazer para que seus “sonhos se realizem”.
Ontem foi um dia que me marcou para sempre, não porque foi um sonho realizado, mas porque fazer a minha parte me levou até ele. Ontem, cada renúncia que eu fiz nessa caminhada valeu a pena, porque não só discuti filosofia com o Cortella, mas cheguei nesse lugar fazendo o certo, sendo autenticamente eu, preparada e madura para aproveitar o sonho da Isabela de 14 anos como uma mulher que realizou um objetivo gigantesco.
Por fim, quero deixar a seguinte pergunta para você: qual objetivo você tem hoje e o que você está disposto a fazer para realizá-lo?
Isabela Matte tem 24 anos, é empreendedora, mãe, escritora, mentora e influenciadora. Criou seu primeiro negócio aos 12 anos. Foi reconhecida no ranking Forbes Under 30 em 2018 e é pós graduada em Filosofia. Dentre suas iniciativas, é fundadora e CEO da Isabela Matte, do IMATIZE e autora do livro O Jovem Digital.
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