Os maiores bancos de varejo dos Estados Unidos deverão ter resultados melhores no terceiro trimestre, em contraste com os bancos de investimento que ainda enfrentam uma queda nos negócios, apostam analistas do setor.
O JPMorgan Chase, que dará início à temporada de resultados dos grandes bancos dos EUA na sexta-feira (13), definirá o tom para o setor. Analistas esperam que o JPMorgan divulgue um salto de cerca de 25% no EPS (lucro por ação) em relação ao terceiro trimestre do ano passado, de acordo com estimativas compiladas pela LSEG.
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O Goldman Sachs e o Citigroup devem ter as maiores quedas de resultado, de 35% e 26%, respectivamente, no lucro por ação, de acordo com as estimativas reunidas pela LSEG. O resultado do Morgan Stanley também deverá mostrar queda.
“Este trimestre tem tudo a ver com taxas de juros mais altas por mais tempo”, disse Mike Mayo, analista do Wells Fargo. “Elas afetam o financiamento dos bancos, os empréstimos, a capacidade dos tomadores de pagar os financiamentos, as perdas em títulos e as exigências de capital.”
O JPMorgan, o maior banco dos EUA, está “melhor posicionado” para lidar com taxas mais altas e pode surpreender os mercados com resultados mais fortes do que o esperado, disse o analista do Bank of America, Ebrahim Poonawala, que elevou sua estimativa para o desempenho do banco.
O setor privado dos EUA criou 336 mil postos de trabalho em setembro, em um retorno às fortes contratações observadas durante a pandemia, potencialmente reforçando a justificativa para outro aumento da taxa de juros pelo Federal Reserve. Outra elevação do juro norte-americano pode jogar água fria em uma recuperação incipiente na atividade de fusões e aquisições e emissões de ações.
Bancos em Wall Street têm citado o retorno de algumas ofertas públicas iniciais de ações, incluindo a da Arm Holdings, como sinal de um renascimento do mercado após meses de estagnação. Mas a eclosão da guerra em Israel pode diminuir ainda mais a confiança do mercado.
“Há um ambiente construtivo e as comissões cobradas pelos bancos de investimento tendem a ser mais altas até o final do ano”, disse Jason Goldberg, analista de bancos do Barclays. Mas uma melhora mais ampla para os mercados de capitais pode não ocorrer até 2024, disse ele.
A atividade dos bancos de investimento continua deprimida. As comissões globais dos bancos de investimento caíram quase 17% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 15,2 bilhões, de acordo com dados da Dealogic.
Os mercados podem ser ainda mais abalados pelo aumento dos rendimentos do Tesouro dos EUA, que derruba a confiança dos investidores e apresenta alguns riscos para os bancos que detêm um grande volume de títulos em seus livros.
Com o aumento dos juros, os preços dos títulos de dívida caem, representando perdas no papel que serão realizadas se os bancos venderem esses papéis. Depois que o Silicon Valley Bank entrou em colapso em março, em parte devido a perdas em seu portfólio de títulos, os investidores se concentraram nos riscos representados pelas perdas dos títulos mantidos por todo o setor.
As perdas não realizadas com títulos apresentarão um “aumento significativo”, chegando a US$ 670 bilhões em todo o setor no terceiro trimestre, estimou Richard Ramsden, analista bancário do Goldman Sachs. Isso se compara a US$ 558 bilhões no segundo trimestre, de acordo com dados da FDIC, agência dos EUA que atua nas garantias de depósitos bancários.
Por exemplo, o Bank of America teve mais de US$ 100 bilhões de perdas não realizadas em sua carteira de títulos que pretende manter até o vencimento, o que pesou sobre suas ações. As ações do BofA têm o pior desempenho entre os seis principais bancos dos EUA, caindo quase 18% até o momento este ano.
O índice KBW de ações de bancos, que inclui instituições financeiras regionais, acumula queda de quase 23% em 2023.
O mercado espera que as divisões de varejo dos grandes bancos continuem a ser um ponto positivo dos resultados do setor. O forte mercado de trabalho sustentou os gastos das famílias, embora o ritmo das compras dos consumidores tenha desacelerado, como observaram os executivos do setor nas últimas semanas.
A inadimplência dos consumidores nos pagamentos de empréstimos também aumentou, mas permanece em níveis historicamente baixos.
“Ainda se trata de normalização do crédito, em oposição a uma preocupação real com as perdas de crédito que estão chegando a níveis do tipo recessivo”, disse Ramsden. Em termos mais gerais, “estamos de volta a esse ambiente em que os investidores acreditam que as taxas de juros permanecerão mais altas por mais tempo”, disse ele.