Analistas do Citi reiteraram recomendação “neutra” para as ações da Alpargatas (ALPA4) e cortaram o preço-alvo da ação de 10 reais para 8,70 reais, conforme relatório a clientes nesta terça-feira (10), no qual estimam que o balanço do terceiro trimestre ainda mostrará um período difícil para a dona da Havaianas.
“Nós esperamos mais um trimestre de queda considerável de volume no Brasil e no exterior, embora com alguma recuperação sequencial de margem”, afirmaram João Pedro Soares e Felipe Reboredo, acrescentando que também revisaram projeções para o lucro em 2024 enxergando um cenário mais desafiador.
A equipe do banco norte-americano cortou suas projeções para o número de pares vendidos no Brasil em 7% para 2023, a 190,4 milhões; em 5,6% para 2024, a 200 milhões; e em 5,1% para 2025, a 206 milhões de pares. No mercado externo, reduziram em 11%, 14,1% e 15,6%, respectivamente.
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Eles agora esperam que a companhia reporte neste ano prejuízo líquido recorrente de 48 milhões de reais, ante previsão anterior de lucro de 139 milhões de reais. Para 2024, cortaram o prognóstico em 25,8%, para lucro de 290 milhões de reais. Em 2025, reduziram em 24,9%, para 402 milhões de reais.
Também revisaram para baixo previsões para o resultado operacional medido pelo Ebitda, receita líquida e margens bruta e Ebitda para os três exercícios. E calculam que a companhia deve terminar este ano com estoques de 104 dias, 15 dias a menos do que em 2022, mas 20 a 30 dias acima da média histórica.
“Conforme a administração se concentra na simplificação do portfólio e os volumes melhoram a partir do quarto trimestre, esperamos uma redução gradual nos estoques”, avaliam, o que somado a alguma potencial melhoria nos fornecedores pode ajudar a desbloquear a geração de caixa, principalmente em 2024.
Para o terceiro trimestre, aguardam queda nos volumes no Brasil em cerca de 20% ano a ano, com aumento da receita por par de 6%. No mercado externo, veem queda de 30% no volume. Mesmo mostrando melhora sequencial, as margens bruta e Ebitda devem recuar na comparação anual, para 41% e 3,2%, respectivamente.
Na última linha do balanço, projetam, a Alpargatas deve mostrar prejuízo de 34 milhões de reais, revertendo o resultado positivo de 56,3 milhões de reais um ano antes, mas reduzindo a perda em relação ao segundo trimestre, quando registrou prejuízo de 199,6 milhões de reais.
De acordo com Soares e Reboredo, a manutenção da recomendação “neutra” decorre do fato de que os papéis caíram 17% desde a divulgação do resultado do segundo trimestre, “que sugere que os ventos contrários do curto prazo estão refletidos no preço — ou pelo menos até certo ponto”.
Na visão dos analistas, há também fatores positivos que podem reverberar nas ações se a Alpargatas normalizar — ou normalizar parcialmente — seu ciclo de capital de giro.
“Acreditamos que a recuperação operacional abrangente atinge os objetivos certos, ou seja, simplifica o portfólio, revisita o S&OP (planejamento de vendas e operações) e melhora a eficiência. Dito isto, o processo é complexo e os resultados devem surgir gradualmente”, acrescentaram.
Eles também afirmaram que não veem os papéis com valuation atrativa.