O mix de altos investimentos em tecnologia e em estoque durante a pandemia do Covid-19 levou a Tok&Stok, varejista de móveis e decoração, para perto da falência. Com dívidas na casa de R$ 350 milhões, a companhia precisou fechar lojas e cortar funcionários no primeiro semestre deste ano para evitar o pior, e conseguiu.
Em junho, a Tok&Stok renegociou suas dívidas e recebeu um aporte de R$ 100 milhões do fundo fundo norte-americano Carlyle Group, que detém 60% da companhia.
Conheça as dez maiores varejistas do País
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Gabriela Melo/Reuters 1- Grupo Carrefour Brasil (CRFB3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento em 2022: R$ 108 bilhões -
Paulo Whitaker/Reuters 2- Assaí (ASAI3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento: R$ 59,7 bilhões -
Divulgação/Magazine Luiza 3- Magazine Luiza (MGLU3)
Segmento: Lojas de Departamento, Artigos do Lar e Mercadorias em Geral
Faturamento: R$ 44,7 bilhões -
Divulgação/Casas Bahia 4- Via (VIIA3)
Segmento: Eletromóveis
Faturamento: R$ 39 bilhões -
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Reprodução 5- Americanas (AMER3)
Segmento: Lojas de Departamento, Artigos do Lar e Mercadorias em Geral
Faturamento: R$ 34,4 bilhões
*Rombo contábil foi divulgado em janeiro de 2023. -
RaiaDrogasil/ Reprodução 6- RaiaDrogasil (RADL3)
Segmento: Drogaria e Perfumaria
Faturamento: R$ 30,9 bilhões -
Divulgação 7- Grupo Boticário
Segmento: Drogaria e Perfumaria
Faturamento: R$ 23,6 bilhões -
Divulgação/Natura 8- Natura&CO (NTCO3)
Segmento: Drogaria e Perfumaria
Faturamento: R$ 20,7 bilhões -
Divulgação/Grupo Mateus 9- Grupo Mateus (GMAT3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento: R$ 20,4 bilhões -
Divulgação/Pão de Açúcar 10- Grupo Pão de Açúcar (PCAR3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento: R$ 18,4 bilhões
1- Grupo Carrefour Brasil (CRFB3)
Segmento: Super, Hiper, Atacarejo e Conveniência
Faturamento em 2022: R$ 108 bilhões
É nesse cenário que Ghislaine Dubrule, fundadora da empresa, retoma a cadeira de CEO, após tentativas falhas de tirar o negócio das rédeas da família. “Após a pandemia, o consumidor não voltou a comprar da mesma forma e as altas de juros só ajudaram a multiplicar os valores devidos”, explica Dubrule. “Os últimos meses foram melhores, mas não podemos deixar de ficar de olho no nosso caixa e cuidar da gestão ainda mais de perto.”
Apesar da dificuldade da companhia, a CEO deixa seu foco claro: trazer o público de volta para as lojas físicas. “A minha volta representa uma reconexão da companhia com o seu DNA de inovação, design e exclusividade. Além disso, queremos trazer os clientes de volta para loja, investir em sua jornada dentro das nossas unidades e apostar cada vez mais no lançamento de tendências no setor, coisa que sempre fizemos.”
Ela afirma que entende a complementaridade do digital e do físico, mas diz que quer transformar o site em algo mais aspiracional do que simplesmente um e-commerce comum, fazendo com que o consumidor veja os produtos no digital e vá até a loja atestar o seu design e qualidade, ou até faça o processo inverso.
“Pensando nisso, nós desenvolvemos diversos formatos de lojas que fazem sentido para cada parte do país, levando em consideração sua renda, espaço e hábitos de consumo dos clientes”, afirma. “Vemos que ainda existe bastante espaço para ocupar em cidades de pequeno e médio porte e é nisso que estamos apostando no momento.”
A CEO também se mostra animada com os próximos passos da Tok&Stok e já faz previsões para um possível futuro, desta vez fora do Brasil. “Não existem negócios parecidos com o nosso nas grandes capitais da América do Sul, então também temos bastante espaço para expandir por lá. Mas por enquanto é só uma vontade”, diz Dubrule.
Cenário no Brasil
Para Jean Paul Rebetez, sócio-diretor da Gouvêa Consulting, o momento ainda é de cautela no varejo. “Apesar da confiança do consumidor estar melhorando, a massa salarial ainda não sofreu acréscimo e o endividamento das famílias continua muito grande, o que não traz perspectivas muito positivas para o consumo nos próximos meses”, afirma.
Caroline Sanchez, analista de varejo da Levante, relembra também sobre a queda acentuada nas vendas de produtos de uso pessoal nos primeiros meses do ano. “O acentuado declínio nas vendas de roupas, calçados e outros produtos de uso pessoal e doméstico nos primeiros oito meses do ano, conforme divulgado pelo IBGE, adiciona mais pressão ao setor de varejo, que já enfrenta um aumento da concorrência de produtos importados da Ásia e está correndo para melhorar seus resultados no último trimestre, com a Black Friday no final de novembro e as festas de fim de ano”, diz.
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“Ainda assim, espera-se que alguns fatores, como o início do ciclo de queda dos juros e a iniciativa do Programa Desenrola Brasil, contribuam positivamente para uma melhora nas vendas. Nesse sentido, vale lembrar que a base comparativa deve beneficiar também, visto que no ano passado os finais de semana das eleições e o fechamento das lojas nos dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo prejudicaram as vendas”, afirma Sanchez.
Para a CEO da Tok&Stok, o novo esquema de taxação de compras feitas no exterior pode trazer o consumo de volta para o país e ajudar a impulsionar as vendas por aqui.
Perspectiva 2024
Para o próximo ano, Rebetez da Gouvêa Consulting não acredita em uma retomada representativa do volume de vendas das varejistas, mas afirma que a redução na taxa básica de juros deve trazer um ambiente mais favorável para o mercado como um todo.
“O crescimento das vendas deve ocorrer de forma lenta, já que os empregos ainda não voltaram aos patamares pré-pandemia e a economia ainda não deu sinais claros sobre sua trajetória no próximo ano, o que impacta diretamente nos investimentos feitos no setor”, complementa.