As ações da Americanas dispararam mais de 11% nesta quinta-feira (16), mesmo após a varejista, que registrou um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do Brasil no começo do ano, reportar prejuízos bilionários em 2021 e 2022, depois da revisão de balanços.
O lucro líquido de R$ 544 milhões anteriormente divulgado para 2021 mudou para prejuízo de R$ 6,2 bilhões, enquanto 2022 terminou com prejuízo de R$ 12,9 bilhões. O Ebitda de 2021 passou de R$ 2,1 bilhões positivos a R$ 3,4 bilhões negativos e o de 2022 ficou negativo em R$ 6,2 bilhões.
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A Americanas também informou nesta quinta-feira (16) que terminou 2022 com dívida líquida de R$ 26,3 bilhões, crescimento de mais de R$ 12 bilhões comparado com 2021, e patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões.
Ainda assim, por volta de 13:00, os papéis da companhia valorizavam-se 6,25%, a R$ 0,85, tendo chegado a R$ 0,89 no melhor momento (+11,25%). Antes do escândalo contábil que a fez pedir recuperação judicial, as ações da companhia eram negociadas ao redor de R$ 12.
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“Nós vemos que essa valorização é resultado das expectativas do mercado com o plano de reestruturação”, avaliou o analistas Luis Novaes, da Terra Investimentos. “Alguns investidores podem estar vendo potencial na empresa, considerando seu atual patamar de preço e assim decidem entrar nesse investimento arriscado.”
Ele ressaltou, contudo, que ainda há muitas incertezas para projetar qualquer recuperação da companhia e, mesmo no nível atual em que o ativo é negociado, enxerga um investimento na empresa como arriscado.
A divulgação dos balanços é importante para que os principais credores da Americanas – que incluem bancos como Bradesco, Banco do Brasil, BTG Pactual, Itaú Unibanco e Santander Brasil – possam dar andamento às discussões para aprovação do plano de recuperação judicial da companhia.
E foi considerando a aprovação desse plano que a companhia também divulgou previsões para 2025, incluindo Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões, com uma alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda menor de 0,75 vez.
A empresa também estimou voltar a patrimônio líquido positivo até o final de 2025, mas considerando um desconto de R$ 5 bilhões nas dívidas que vêm negociando, conforme explicou a diretora financeira da Americanas, Camille Faria, em teleconferência sobre os números.
Na visão do estrategista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, a divulgação dos dados “acaba, entre aspas, sendo ‘positivo'”, pois o mercado consegue fazer conta.
“Por mais que isso aqui tenha sido péssimo, muito ruim, eu vejo que o mercado, se quiser, pode olhar o copo meio cheio no sentido de que eu já sei o tamanho do buraco, já sei o tamanho do prejuízo e agora, daqui para a frente, qual é o tamanho do desafio”, afirmou.