A Visa e a XP se integraram à rede “blockchain” do Drex, a moeda digital brasileira que está sendo desenvolvida pelo Banco Central (BC). O foco da empresa é a tokenização, ou seja, a criação de representações digitais de ativos financeiros em uma rede de blockchain para permitir transações mais rápidas, seguras e baratas. “É um marco importante para nós no projeto do Drex”, disse Catalina Tobar, head de Moedas Digitais da Visa América Latina e Caribe. “Nossa capacidade de tokenizar transações em tão pouco tempo nos deixa mais perto de tornar o Drex uma realidade no Brasil.”
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Segundo Tobar, a integração permitirá à Visa e à XP processarem “smart contracts”, os contratos inteligentes, e as operações da rede de blockchain do BC. Na prática, o nó funciona como um ponto de entrada no piloto, permitindo que a Visa e empresas a ela associadas operem com a rede do BC e validem transações de outros consórcios, além de poder testar transações.
A participação da Visa no piloto de Drex começou em 2022 com a participação no desafio LIFT Challenge, promovido pelo BC. A solução desenvolvida pela Visa teve como meta a interoperabilidade de moedas digitais para processos financeiros comuns no Brasil.
Pagamentos
A integração da Visa e da XP à rede do BC é mais um passo da empresa de transações para ampliar sua participação no mercado crescente do criptoativos. No início de setembro, a companhia sediada em São Francisco anunciou que estava expandindo a sua capacidade de liquidação de transações por meio do “stablecoin” USDC e também por meio do blockchain da Solana.
Em setembro, a Visa também iniciou programas piloto com os adquirentes Worldpay e Nuvei, que processam pagamentos com cartão de débito e crédito, que permitem aos clientes escolher a liquidação em stablecoin USDC em vez de receber em moedas fiduciárias, as moedas emitidas pelos bancos centrais.
Os vários anúncios dos últimos meses fazem parte de uma estratégia da Visa de tornar-se uma grande intermediadora de transações realizadas em blockchains diferentes. Por serem nativos de redes distintas e não estarem sujeitos a um ordenamento central, os criptoativos são diferentes entre si – e isso inclui moedas digitais emitidas por um banco central, como o Drex. Essa diversidade dificulta e encarece as transações.
Volta às origens
Ao fazer isso, a Visa está, de certo modo, revivendo sua história. No fim dos anos 1960, os bancos americanos eram proibidos de operar além das fronteiras estaduais. Essas restrições não se aplicavam a cartões de crédito. Então centenas de instituições financeiras tentaram expandir rapidamente suas atividades emitindo cartões.
O resultado foi caótico. A ausência de controles unificados provocava prejuízos e tornava o sistema inoperante. Nesse momento, Dee Hock, um executivo ligado à filial do Bank of America em Seattle, sugeriu resolver o problema estabelecendo alguns princípios comuns, como os prazos de pagamento.
Ao buscar colocar um pouco de ordem no sistema sem ambicionar extinguir sua diversidade, Hock criou o conceito de organização “caórdica” – que mistura caos e ordem. Pouco tempo depois o Bank of America criaria uma empresa, a BankAmericard, embrião da Visa.