O presidente da França, Emmanuel Macron, insistiu à Comissão Europeia que é impossível concluir as negociações do acordo comercial com os países do Mercosul e entende que a UE encerrou as discussões, disse seu gabinete em um comunicado nesta segunda-feira.
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Os agricultores realizaram grandes protestos na França nas últimas semanas, irritados com o aumento dos custos e com as importações baratas, seguindo movimentos semelhantes em outros países europeus, incluindo a Alemanha e a Polônia.
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Os agricultores da França se opuseram especialmente às negociações em andamento sobre um acordo comercial entre a UE e os países do Mercosul, que, segundo eles, permitiriam a importação de alimentos baratos que não atendem aos rígidos padrões da UE.
“Macron reiterou com muita firmeza à Comissão o fato de que é impossível concluir as negociações nessas condições”, disse um assessor presidencial francês a repórteres em uma reunião antes da cúpula da UE na quinta-feira.
O assessor acrescentou que a UE entendeu que é impossível chegar a um acordo nesse contexto e que as negociações da UE com os países do Mercosul haviam sido interrompidas.
“A Comissão Europeia entendeu que é impossível chegar a um acordo nesse contexto. Acho que ela viu a situação na França, na Alemanha, na Polônia, na Holanda, em toda a Europa”, disse ele.
“Entendemos que a Comissão instruiu seus negociadores a encerrar a sessão de negociação em andamento no Brasil e, em particular, a cancelar a visita do vice-presidente da Comissão, que estava prevista para haver uma conclusão”, acrescentou.
Procurado, o Itamaraty disse que governo brasileiro não vai comentar oficialmente as declarações do presidente francês, embora uma fonte diplomática tenha ressaltado que as negociações não são feitas com países ou presidentes individuais, mas sim entre Mercosul e Comissão Europeia.
Os negociadores comerciais da UE e do Mercosul se reuniram em Brasília por dois dias na semana passada, mas relataram “progresso limitado”, de acordo com um diplomata envolvido nas negociações, que se mostrou cético quanto à possibilidade de o acordo ser concluído antes da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) no próximo mês, como alguns esperavam.
“As negociações estão avançando lentamente, mas na direção certa. Mas levará mais tempo”, disse outro diplomata à Reuters.