O Bradesco reportou nesta quarta-feira (7) lucro líquido recorrente de R$ 2,88 bilhões no quarto trimestre, alta de 80,4% em relação ao mesmo período de 2022, mas queda de 37,7% frente ao terceiro trimestre do ano passado e abaixo das previsões de analistas.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Projeções compiladas pela LSEG apontavam lucro de R$ 4,57 bilhões.
O resultado foi marcado por uma despesa com provisão para inadimplência de R$ 10,52 bilhões, menor do que um ano antes (R$ 14,881), mas acima dos R$ 9,19 bilhões do terceiro trimestre.
O retorno anualizado sobre patrimônio líquido ficou em 6,9% no último trimestre do ano passado, de 11,3% nos três meses anteriores e 3,9% no quarto trimestre de 2022 – quando o banco fez uma provisão extra em razão do pedido de recuperação judicial da Americanas, anunciada no começo de 2023.
A margem financeira foi de R$ 16,13 bilhões, de R$ 16,68 bilhões um ano antes, com a margem de clientes caindo 11,7%, a R$ 15,43 bilhões.
O lucro líquido contábil ficou em R$ 1,7 bilhão, pressionado por efeitos não recorrentes como provisão de R$ 570 milhões para reestruturação, principalmente na rede de agências e passivos contingentes de R$ 547 milhões.
A carteira de crédito expandida somou R$ 877,285 bilhões no final de 2023, de R$ 877,5 bilhões em setembro e R$ 891,93 bilhões em dezembro de 2022. O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 5,1%, de 5,6% no terceiro trimestre e de 4,3% em dezembro de 2022.
O novo presidente-executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que 2023 foi desafiador, mas apresentou pontos positivos, como a inadimplência, que começou a cair, e a carteira de crédito do varejo, que iniciou trajetória de alta no último trimestre. O banco avalia que essa tendência deve continuar em 2024, assim, o custo de crédito, que ainda foi elevado em 2023, já deve mostrar melhora gradual nesse ano e nos próximos trimestres.
“Agora, o Bradesco começa a executar um novo plano de iniciativas, que não tem paralelo na história do banco”, afirmou o executivo em comunicado à imprensa.
No acumulado do ano passado, o Bradesco teve lucro líquido recorrente de R$ 16,3 bilhões, queda de 21,2% ante 2022.
Transição e Guidance
Noronha também afirmou que 2024 será um ano de transição. “Estamos absolutamente confiantes em nossa capacidade de execução das novas iniciativas, que vão elevar o potencial de lucratividade nos próximos anos”, afirmou.
Para 2024, o banco estimou crescimento de 7% a 11% para a carteira de crédito, com expansão de 3% a 7% na margem financeira e aumento de 2% a 6% nas receitas de prestação de serviços e de 5% a 9% nas despesas operacionais.
O Bradesco também estimou PDD expandida entre R$ 35 bilhões a R$ 39 bilhões.
Analistas do Citi estimaram que o guidance para 2024 implica lucro de cerca de R$ 17 bilhões em 2024, “mostrando alguma recuperação, mas em uma base muito deprimida, e com nível ainda muito alto de despesas de provisão”, conforme relatório a clientes.
Os analistas acrescentaram que a previsão do banco foi fraca e indica que a melhoria da rentabilidade do Bradesco ainda tem um longo caminho a percorrer.
“Acreditamos que todas as atenções estarão voltadas para o novo plano estratégico e indicações das alavancas para a futura melhoria do ROE”, escreveram Rafael Frade e equipe em relatório. “Contudo, acreditamos que a falta de melhorias no curto prazo deverá impedir qualquer melhor desempenho da ação.”
O Bradesco deve anunciar nesta quarta-feira (7) seu plano estratégico.